Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

Quais os passos para degustar um vinho?

A leitura degustativa deve ser feita em quatro etapas: olhar, cheirar, provar e concluir.

Foto: Divulgação

 

 

Hoje buscaremos passar algumas dicas de como degustar um vinho. De maneira didática, como já foi possível verificar na última matéria, vamos classificar a leitura degustativa de 4 formas: olhar, cheirar, provar e concluir.

 

Após abrir o vinho, a primeira etapa para degustação consiste em olhar. Nela, verificamos a cor, tonalidade, transparência, opacidade, viscosidade e, eventualmente algum material disperso no vinho.

 

Para avaliação, preenchemos a taça com uma pequena quantidade de vinho. Ideal é que essa se dê à luz natural com um fundo branco. Isso permite definir melhor as cores e a eventual evolução do vinho.

 

Com a taça inclinada, iniciamos a leitura do que se encontra à nossa frente. Essa inspeção permite verificar a cor do vinho e sua intensidade. Posteriormente, giramos a taça para verificar a viscosidade. Quanto mais viscoso, maior a intensidade de álcool e menos açúcar residual. Essa representação é perceptível por meio das lágrimas, quanto mais lentas, maior a quantidade de álcool. Rápidas, vinhos mais equilibrados.

 

Obviamente que isso não é fator de verificação de qualidade, mas sim, de etapas a serem concluídas para identificar o nosso produto.

 

Superada a primeira fase, iniciamos a olfativa e nela, buscamos aromas. A taça deve ser segurada um pouco abaixo do nariz, para ser aspirada uma vez. Depois, girando-a por mais tempo e mais devagar, repita o processo até começar a definir os aromas (frutas, florais, herbáceos, empireumáticos). Podemos indicar aromas primários, secundários e terciários.

 

Primários: as frutas tendem a ficar em evidência.

 

Secundários: aromas rementem à untuosidade (leite, manteiga, iogurte), fermentação (pão, levedura, bolacha) e madeira (chocolate, tostado, tabaco, café, mel).

 

Terciários: vem do envelhecimento, eles se desenvolvem após o engarrafamento e aparecem, de maneira geral, a partir de sete anos, gerando maior complexidade para o aroma de um vinho.

 

A avaliação olfativa deve ser descrita exatamente como é sentida. Não há necessidade de buscar inventar aromas ou de acertar a fruta (no caso, o vinho). O importante é descrever exatamente o que se sente.

 

A próxima etapa, é a de provar. Nela se concentramos em tomar um gole e fazer com que o vinho passe por todas as partes da boca. Depois, continuamos, mas em pequenos lances, buscando a avaliação.

 

Serão verificadas: a) o nível de doçura (se há ou não); b) acidez, geralmente a sensação de frescor; c) presença de taninos (taninos causam a adstringência: para entender melhor, mastigue uma casca de uva ou uma semente); d) o álcool; e, por fim e) o corpo: nela se concentramos em somar todos os elementos, para formar a estrutura.

 

A última etapa, é fazer a avaliação final sobre o equilibro de todos as características, colocando suas impressões. O ideal é que elas também levem em consideração a região, variedade e safra. Cada vinho terá sua expressividade e característica. Para degustação, basta identificar todas essas situações e isso permitirá a você, classificar qual é o seu gosto.

 

Por fim, vamos à degustação do vinho de hoje e para isso levamos em consideração a harmonização: macarrão à carbonara.

 

Selecionamos um Chianti Clássico (uva Sangiovese), Toscana, Itália.

 

Vamos a avaliação técnica:

 

Visual: trata-se de um vinho tinto, tranquilo, límpido, pouco transparente, brilhante, boa intensidade, lágrimas finas e fluidas, vermelho-claro, com visível halo aquoso, o que já indica um possível grau de evolução.

 

– Aroma: franco e intenso, sem defeitos, frutas vermelhas, como groselha, cereja, framboesa e tomate seco; possui alguns toques herbáceos como o tomilho e discretamente uma pimenta preta; o álcool é equilibrado, não há nada que o denote estar em evidência. É um vinho que transita em aromas primários e secundários.

 

Degustativo: seco, taninos médio, finos e macios, um leve amargor, acidez média e corpo médio. Na boca há uma evidência maior em ervas, como pimenta, manjerona e tomilho. A predominância não seria mais fruta, inclusive há uma presença balsâmica, vinho com intensidade média, persistência aromática média, álcool médio menos.

 

Conclusão: vinho de corpo médio, com notável retro-olfato, o herbáceo acabou prevalecendo degustativo, indicando uma lembrança balsâmica.