Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

Qual a temperatura ideal para degustar um vinho?

A temperatura é essencial para que o vinho possa expressar a sua qualidade e, principalmente, os seus aromas.

Foto: Divulgação

 

 

Para introduzir um pouco mais de qualidade na degustação do vinho, falaremos um pouco sobre a maneira adequada de servir a bebida. Esse cuidado faz com que se obtenha o máximo de prazer, enriquecendo-o na hora da prova.

 

Entre os cuidados, apontamos o uso correto das taças e a temperatura do vinho. Fatores primordiais para aprimorar e colocar sucesso à degustação. A temperatura é essencial para que o vinho possa expressar a sua qualidade e, principalmente, os seus aromas. Um vinho muito quente, expressa de sobremaneira o álcool. Um vinho frio, estanca a liberação dos aromas e a percepção dos sabores.

 

Servir um vinho à temperatura ambiente, então? Obviamente que isso nem sempre é válido. A razão disso é muito simples. Nem sempre o produto que se irá degustar aceita essa condição. Beber um vinho tinto à temperatura ambiente de 27º é inaceitável. O mesmo acontecendo com temperaturas abaixo do recomendado. No Brasil, que é um país de clima tropical, é preciso ter muito cuidado.

 

Como poucos ainda cultivam ambientes climatizados, é natural que o consumo de certos vinhos cresça em determinadas épocas, seguindo uma tendência imperceptível.

 

Se de um lado preferimos tomar um vinho branco ou rosé no verão; no outro, damos preferência a vinho tinto no inverno. Parece simples, mas muitos consumidores já possuem a consciência de que os produtos ficam melhores nas temperaturas ideais.

 

Os tintos, levam em consideração a baixa temperatura do inverno, permitindo que o consumidor prove o vinho, na maioria das vezes em condições adequadas. E isso, reflete em uma experiência mais agradável. Os brancos e rosés, geralmente são postos à geladeira para que encontrem o refrescância necessário para o verão.

 

Observe que nas duas situações o consumidor consegue lidar com o serviço do vinho de forma mais natural, sem se preocupar com a aquisição de adegas, por exemplo. Esse tratamento acontece de forma mais natural nestas épocas e muitas vezes, são imperceptíveis.

 

Já apreciadores de vinhos que costumam degustá-los em quaisquer épocas do ano, procuram uma estrutura de ambientes climatizados, permitindo que o consumo, de tintos, brancos e rosés, aconteça em qualquer estação.

 

Abaixo segue uma demonstração de como devem ser servidos os vinhos:

 

– Temperaturas de Serviço – Brancos

– Espumantes: 5° C

– Brancos Doces: 6° C

– Champagnes: 8° C

– Brancos Secos Leves: 9° C

– Brancos Secos Corpo Médio: 12° C

– Brancos Secos Encorpados: 14° C

– Rosés: 9 a 10° C

– Jerez Fino e Manzanilla: 7° C

– Jerez Amontillado e Oloroso: 11° C

– Porto Branco: 8 a 10° C

– Madeira: 14° C

– Temperaturas de Serviço – Tintos

– Tintos Leves: 10 a 12° C

– Tintos de Corpo Médio: 13 a 14° C

– Vinho do Porto Tinto: 14° C

– Chianti, Zinfandel: 16° C

– Pinot Noir: 16° C

– Grandes Tintos, Bordeaux, Tintos encorpados: 17 a 18° C

 

Essas referências não são absolutas, mas permitem que a escolha do produto e seu armazenamento ocorra de maneira mais adequada.

 

Atente-se que pela leitura das temperaturas, já é possível concluir que o consumidor, de forma mais velada, já entende como é possível extrair o melhor do produto, para obter melhores aromas e sabores.

 

Uma dica que pode ser ajustada a maioria, é utilizar a geladeira para baixar a temperatura até o momento ideal, retirando-os com antecedência ao consumo.

 

 

Derradeiramente, vamos a avaliação do vinho escolhido. Trata-se de um Riesling (100%), Grand Cru Praetenberg, 2014, AOC Alsace.

 

Visual: Branco, tranquilo, límpido, transparente, brilhoso, amarelo-palha, indicando um tempo de evolução.

 

Aroma: franco e intenso, sem defeitos, com aromas de pêssego e abacaxi em calda, com grau de doçura, possivelmente pela evolução do vinho (8 anos). Também é possível remeter a lembrança da flor de laranjeiras e um pouco de mel.

 

Gustativo: seco com uma leve doçura, taninos envolventes, finos, sem amargor, acidez intensa e refrescante, boca notável, macio. Não tem predomínio de álcool quando se segura o líquido na boca (falta ausência de calor na boca), mesmo tendo 14,5 de álcool.  É muito melhor do que o aroma. Tem retro olfato. Fica muito mais complexo.

 

Conclusão: vinho frutado e com excelente acidez.

 

Para harmonização, a escolha seria carne suína com molhos de mel e especiarias.