Robson Komochena

Cotidiano, política e a história de Rio Negro, Mafra, Itaiópolis e região sob o olhar polêmico e irreverente do jornalista.

Elogios, cova de leões, ditadura e lembranças de Jango e Eto: a sessão solene da Câmara de Mafra

O primeiro encontro oficial dos vereadores mafrenses teve elogios em excesso, belas palavras, mas também críticas ao Executivo e à mesa diretora anterior. Confira como foi a sessão.

Foto: Divulgação

 

 

A ideia da nova mesa diretora em tomar posse através de uma sessão solene, levou para a Câmara de Vereadores de Mafra, além do prefeito Emerson Maas e alguns secretários, como já era previsto, outras figuras, talvez, não tão esperadas naquele momento, dando uma ideia de que em 2022 podem haver mais polêmicas do que no ano passado.

 

Além de demasiados elogios ao Executivo por parte da maioria, o que também já era esperado, o cenário favoreceu ácidas críticas, comentários, lembranças e citações até engraçadas durante a fala de alguns vereadores.

 

Na plateia, lembrados e mencionados, os ex-vereadores Luciano Ribeiro e Edenilson Schelbauer. Oposição na Legislatura passada e terceiro colocado na eleição de 2020, onde disputou pelo PL, Schelbauer chegou com Márcio Cardoso, figura conhecida por seus comentários políticos nas redes sociais.

 

Celso Strobel (MDB), segundo lugar na disputa de 2020, também estava no plenário. Outra presença de destaque foi a empresária Ana Catarina Scholze de Souza, bastante sondada no último pleito e, para alguns, um nome forte para 2024.

 

Emerson Maas destacou em seu discurso que, apesar de pensamentos divergentes, todos tem ideias em prol de Mafra. Falou que, no último ano, graças ao empenho dos vereadores, foram conquistados mais de R$ 11 milhões em emendas parlamentares, que segundo ele, atenderão os setores urbano e agrícola, além da educação e saúde.

 

O novo presidente da Casa, Vanderlei Peters (PSL) disse que fará uma Câmara com transparência e harmonia. “Aqui é a casa do povo, aqui é a casa para debatermos os assuntos da nossa sociedade, vamos trabalhar por uma Mafra melhor”.

 

Apesar de poderes distintos, Peters frisou a harmonia. “Se as coisas não andam bem no Legislativo, também não andarão bem no Executivo”.

 

Elogios, paz e união

Os três vereadores do Podemos foram quase que unânimes em suas falas. Dircelene Dittrich, David Roeder e Everton Stach destacaram o trabalho dos servidores da Casa, o empenho do Executivo e a união em prol de Mafra.

 

Sobre a administração, Dirce disparou: “Era como se Mafra estivesse inerte há um bom tempo e, em 2021, ela começou a ser ativa novamente”.

 

Na mesma linha, Rafael Cavalheiro (DEM) falou que 2021 foi o ano de ajeitar a casa e, de agora em diante, será de conquistas. Ele também falou que até abril, outras emendas parlamentares serão buscadas.

 

Serginho Severino (Patriota) seguiu no mesmo pensamento e parabenizou a mesa diretora anterior e o jurídico pela mudança do Regimento Interno realizada no último ano.

 

Valdecir Munhoz (MDB) disse acreditar que essa legislatura seja uma das melhores e se comprometeu a trabalhar em busca de mais emendas. “Só me procurem para o bem”, comentou.

 

Mafra parada por 30 anos

Junto com elogios e discurso de união, João Maria Ferreira (PP), alfinetou gestões e legislaturas passadas. “Mafra esteve parada no tempo por 30 anos, mandada por ‘meia dúzia de gatos pingados’ e hoje mudou”, comentou.

 

Referente aos trabalhos no Legislativo, o vereador falou em deixar um bom legado. “Não podemos deixar um legado de briga como foram as últimas legislaturas, cassando prefeitos e vereadores”, finalizou.

 

Jonas Heide ‘na cova, sem os leões’

Com uma das falas mais ácidas da noite, Jonas Heide (PL) disse que a prática destoa do discurso da nova política em Mafra. “Eu me sentiria Daniel na cova dos leões, mas quando olho meus agressores, eu vejo que me faltam os leões”, disse, citando uma passagem bíblica.

 

Jonas garantiu que não será mais candidato nas próximas eleições e que não irá tolerar discussão sobre 2024 personificada na Câmara.

 

Sobre fazer parte de comissões, disparou: “Não quero ver o que aconteceu ano passado: servidor do executivo aqui na frente oferecendo emprego para este vereador não participar de comissão. Isso, prefeito, que dá vergonha, Mafra é maior que isso”.

 

Schultz fala de ditadura em 2021

Durante toda sua fala, o vereador Jonas Schultz (PSDB), firmou o compromisso com a população e pediu que a Casa seja de fato, em prol do povo.

 

Ele também criticou a conduta da Câmara em 2021. “Espero que a ditatura que parece que havia sido imposta nessa Casa, tenha caído por terra. Que todas as correspondências que chegarem aqui sejam colocadas de público, colocadas aos vereadores e sejam lidas nas sessões. E que as pessoas que se inscreverem a participar, sejam ouvidas”, disparou.

 

Skonieski com muitos agradecimentos

O discurso do vereador Mario Skonieski (PDT) chamou atenção pelo excesso de agradecimentos. Ele começou agradecendo aos seus votos e aos votos do prefeito, e continuou, fazendo agradecimentos em nome de deputados e até do governador.

 

“Eu quero ir um pouco mais avante. Eu quero agradecer aqueles do município que ajudaram a eleger nossos representantes da Assembleia Legislativa, pessoas que estão trabalhando junto com emendas parlamentares. Consequentemente quero agradecer a eleição do nosso governador Moisés”, concluiu.

 

Não está bom, mas também, não está ruim

Wagner Grossl (PL) destacou em sua fala que continuará cobrando as demandas do povo, as quais recebe diariamente. “Eu não vou dizer que está tudo bem, mas também não vou dizer que está tudo ruim”, comentou.

 

Diferente dos tempos de Jango e Eto

Remanescente pela terceira vez, Abel Bicheski, o popular Bello (Solidariedade), mencionou, de forma até humorada, a presença de Celso Strobel (MDB) na plateia “por pouco que não deu liga, né Celso?!”.

 

Segundo Bicheski, “nunca teve um prefeito nessa cidade que foi tão ajudado por essa Câmara quanto o prefeito Maas. Não travou um projeto aqui”, comentou. O vereador ainda citou os ex-prefeitos Jango Herbst e Eto Scholze: “Tivemos o ex-prefeito Jango, que morria aqui nessa Câmara porque travava tudo. O ex-prefeito Eto se acabou na política porque essa Câmara ‘moeu’ ele”.

 

Bello falou da importância de buscar mais pedreiras, facilitando o deslocamento e proximidade das localidades.

 

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