Emerson Maas esclarece dúvidas sobre o coronavoucher

Apelidado de “coronavoucher”, o Senado aprovou nesta segunda-feira, 30, o projeto que prevê o pagamento de auxílio de R$ 600

Apelidado de “coronavoucher”, o Senado aprovou nesta segunda-feira, 30, o projeto que prevê o pagamento de auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais. O projeto seguiu para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Pela proposta, serão contemplados os trabalhadores registrados como autônomos e informais e os microempreendedores individuais, os MEI que não recebam aposentadoria ou seguro-desemprego. O pagamento do auxílio é limitado a duas pessoas por família. Inicialmente, trabalhadores já cadastrados no CadÚnico deverão acessar o benefício, com liberação imediata.

Desde as primeiras tratativas do projeto, a dúvida que muitos brasileiros compartilham é como esse pagamento será formalizado nas contas do cidadão, em especial daqueles que não se enquadram no cadastro único do Governo Federal. No entanto, outro ponto relevante diz respeito aos microempreendedores e como estes poderão fazer o uso assertivo do auxílio emergencial para manutenção das contas em dia.

O administrador de empresas e auditor em sistemas de gestão Emerson Maas conversou com a redação do Riomafra Mix e deu algumas sugestões para que o microempreendedor possa planejar da melhor maneira possível tanto o uso da ajuda emergencial como as suas atividades nesse período de isolamento. Confira entrevista exclusiva ao Riomafra Mix:

O senado aprovou nesta segunda-feira e o presidente deve sancionar nas próximas horas o auxílio para autônomos e empreendedores individuais no valor de 600 reais, como um valor emergencial no período de crise. O que não ficou claro é como o trabalhador poderá acessar esse valor. Já existe uma orientação para viabilizar o recebimento deste recurso?
Emerson Maas (EM): O auxílio emergencial será pago por bancos públicos federais por meio de uma conta do tipo poupança social digital. Essa conta será aberta automaticamente em nome dos beneficiários, com dispensa da apresentação de documentos e isenção de tarifas de manutenção. A pessoa usuária poderá fazer ao menos uma transferência eletrônica de dinheiro por mês, sem custos, para conta bancária mantida em qualquer instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central. A conta pode ser a mesma já usada para pagar recursos de programas sociais governamentais, como PIS/Pasep e FGTS, mas não pode permitir a emissão de cartão físico, cheques ou ordens de pagamento para sua movimentação.
O Governo irá divulgar o cronograma dos pagamentos e de que forma os cidadãos poderão acessar a informação e saber se estão contemplados. Por enquanto, é preciso aguardar essas informações.

O trabalhador que não possui CNPJ como MEI, a exemplo dos diaristas e intermitentes, terá direito ao benefício? Como devem proceder?
EM: Poderão receber os trabalhadores que não têm carteira assinada, microempreendedores individuais e desempregados, que tenham mais de 18 anos e se enquadrem nos critérios do CadÚnico (Cadastro Único), registro de pessoas de baixa renda para que possam receber benefícios sociais. Também fica de fora quem recebe algum outro benefício, como BPC (Benefício de Prestação Continuada), seguro-desemprego, aposentadoria ou pensão. Quem recebe Bolsa Família poderá escolher entre continuar com ele ou optar pelo auxílio de R$ 600 (não será permitido acumular os dois).

É sabido que o valor aprovado não supre as dívidas do trabalhador que necessita da renda para o sustento do mês. Ao receber o auxilio, para quais despesas ele deve dar prioridade?
EM: Existem quatro pontos essenciais que devem ser considerados na aplicação dos recursos, principalmente quando o cenário econômico é instável; selecione e separe as despesas fixas e variáveis; defina um valor limite para cada grupo de despesas, nunca relacione as despesas pessoais com as despesas do negócio e controle diariamente o fluxo, dando atenção às entradas e saídas.

Para quem não possui uma despesa fixa no empreendimento, como fazer esse valor ter o melhor rendimento possível dentro do mês?
EM: Planejamento é a palavra de ouro quando o assunto é priorização de despesas. Descobrindo exatamente quais são os gastos do seu negócio, é possível apostar em um melhor e mais efetivo planejamento.

De que forma o empreendedor autônomo, diarista ou intermitente pode organizar-se para lidar da melhor forma possível com o cenário de crise que se anuncia após o isolamento social?
EM: É importante ter um controle financeiro para saber exatamente quanto dinheiro entra e sai por mês e saber onde esse dinheiro está sendo gasto. E isso vale para todos os momentos, não somente os de crise. Por isso, anote tudo o que você ganha e o que você gasta, inclusive as despesas pequenas, e depois faça uma análise criteriosa, identificando onde é possível cortar gastos e economizar, caso seja necessário.

Existem ferramentas que você possa sugerir e disponíveis nesse momento de isolamento, para que o empreendedor autônomo possa encontrar meios remotos de viabilizar suas atividades ou parte delas?
EM: Estão disponíveis muitas ferramentas gratuitas capazes de apoiar os empreendedores e suas equipes de colaboradores, familiares e amigos em tempos de pandemia, seguem alguns exemplos: 1. Zoom: ferramenta gratuita de videoconferência, ideal para reuniões on-line, bate-papo e colaboração para equipes de trabalho cujos colaboradores se encontram geograficamente dispersos. 2. Skype: é também uma ferramenta de comunicação via voz, vídeo e texto. Agora o Skype finalmente colocou a disposição a funcionalidade de tradução simultânea. Na teoria, vc pode conversar com pessoas de outros países sem você saber falar a língua da pessoa. 3. Google: acabou de ser liberada a versão premium gratuita a ferramenta de bate-papo por vídeo, o Hangouts Meet. 4. Slack: ideal para para organizar o trabalho de equipe. Com o Slack, você e sua equipe podem ter acesso a salas de bate-papo organizadas por temas, grupos privados e mensagens diretas. 5. DropBox: assinaturas gratuitas do DropBox Business e HelloSign Enterprise por um período de três meses para organizações sem fins lucrativos e ONG focadas no combate ao COVID-19.