Comunidade ucraniana de Mafra vê com tristeza e aflição a invasão da Rússia à Ucrânia

Muitos imigrantes ucranianos se firmaram em Mafra e hoje seus descendentes acompanham com preocupação o conflito no Leste Europeu.

Foto: Wesley Gabriel

 

 

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia culminou em ataques por terra, ar e mar, que começaram na madrugada desta quinta-feira (24). A situação deixou a comunidade ucraniana em Mafra consternada e preocupada com as consequências provocadas pelo conflito.

 

Para a integrante Lucia Katis Schits, os recentes acontecimentos deixaram toda a comunidade ucraniana em Mafra extremamente abalada. “É uma dor inexplicável saber que tantas vidas foram perdidas por poder e ganância. Estamos rezando por nossos irmãos ucranianos e torcendo para que isso acabe o quanto antes”, disse.

 

Atualmente, cerca de 600 mil descendentes de ucranianos vivem no Brasil e a maioria deles se encontram no Paraná e em Santa Catarina.

 

A RCUB (Representação Central Ucraniano Brasileira) acompanha de perto as movimentações no Leste Europeu e tem contato direto com as embaixadas ucranianas e representantes de outras comunidades do país no mundo.

 

Segundo a presidente da Associação Ucraniana Catarinense Ivan Frankó e vice-presidente da RCUB em Santa Catarina, Lecia Maria Labas, a tensão na Ucrânia existe desde 2014, quando a Rússia tomou indevidamente a República da Crimeia.

 

No final deste ano, houve uma intensificação da escalada russa com a colocação de blindados e 100 mil soldados na fronteira ucraniana. “Essa estratégia deixou toda a comunidade ucraniana em alerta, mas acreditávamos em uma solução pacífica e diplomática. No entanto, fomos pegos de surpresa com estes bombardeios que atingiram algumas cidades e a capital da Ucrânia, Kiev”, disse Lecia.

 

Santa Catarina tem atualmente quase 40 comunidades ucranianas, organizadas em 11 municípios do estado. No Planalto Norte, muitos imigrantes se firmaram em Mafra, Itaiópolis, Papanduva e Canoinhas; e hoje seus descendentes assistem com preocupação ao conflito.

 

“A nossa ligação é muito forte porque é a cultura que nos identifica. Somos ucranianos, mantemos viva as tradições, temos essa ligação que nossos bisavós e tataravós trouxeram há 130 anos. Isso nos impacta muito, mexe com as nossas raízes e com a nossa cultura”, disse Lecia.

 

Ainda de acordo com a presidente da associação, a escalada russa não agride apenas os ucranianos, mas a toda a população mundial. “O que vem acontecendo vai desestabilizar todas as relações democráticas da Europa e futuramente, deve atingir as relações econômicas e comerciais do mundo inteiro. Não queremos que exista uma Terceira Guerra Mundial, porque se isso ocorrer será devastador. O que está acontecendo não é uma agressão só à Ucrânia, mas a toda a humanidade”, pontuou.

 

Com a notícia dos primeiros bombardeios e mortes após a investida do governo russo, a aflição se une à tristeza nas comunidades. Segundo o padre da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Mafra, Jaime Fernando Vallus, a população precisa se unir e se solidarizar com os irmãos ucranianos, através de orações.

 

“É uma situação trágica, que traz medo, apreensão e incertezas, afinal, muitos povos estão sofrendo com esta agressão injusta do governo russo. Mais do que nunca, precisamos nos colocar em vigília e oração para que esta escalada cesse o mais rápido possível”, disse o padre.

 

A igreja realizará neste final de semana duas missas em homenagem aos povos ucranianos e às vidas ceifadas pelo conflito. No sábado (27), a celebração ocorre às 18h30 e no domingo (28) às 8h30.

 

O padre também lembra que a pedido do Papa Francisco, a quarta-feira de cinzas (2) será um dia de oração e vigília em todo o mundo. “Este dia será dedicado aos povos ucranianos que estão sofrendo as consequências dessa invasão. Estaremos todos orando e pedindo à Deus por pacificação e apoio espiritual. O povo ucraniano é um povo firme e que já passou por muitas guerras durante a história. Esta força é encontrada diante da fé, da oração e da presença de Deus”, concluiu.