Para Dallagnol, STF e Congresso estão enfraquecendo os resultados da Lava Jato

Em entrevista exclusiva ao Riomafra Mix, ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou que é preciso investir esforços por um país com menos corrupção e impunidade.

Foto: Wesley Gabriel

 

 

O ex-coordenador da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, esteve em Mafra nesta terça-feira (10) para ministrar a palestra “A Jornada contra a Corrupção na Prática”. O evento aconteceu na sede administrativa do Sicoob e foi destinado a alunos e professores da Universidade do Contestado (UNC).

 

Dallagnol ganhou notoriedade por integrar e coordenar a força-tarefa da operação Lava Jato, uma das maiores iniciativas de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil.

 

Ao Riomafra Mix, o ex-procurador criticou o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional por enfraquecer ou anular os resultados alcançados pela Lava Jato. “Ao mesmo tempo que vejo pesquisas mostrando que 80% da população apoia a Lava Jato, eu vejo o Supremo Tribunal Federal esvaziando os resultados da operação, acabando com a prisão em segunda instância e anulando condenações. Vejo o Congresso acabando com a Lei de Improbidade Administrativa e uma reação do sistema corrupto contra tudo o que alcançamos ao longo do tempo”, pontuou.

 

O ex-procurador também falou sobre seu pedido de exoneração do Ministério Público Federal no ano passado para disputar uma vaga à Câmara dos Deputados nas eleições de 2022.

 

“Essa foi a decisão mais difícil da minha vida. Se eu fosse pensar em mim e na minha família, eu seguiria no Ministério Público, onde eu tinha um bom salário, estabilidade e uma série de benefícios que o funcionalismo público traz. Mas se eu ficasse lá, não conseguiria mais lutar contra a corrupção e mudar o sistema de dentro, a partir do Congresso Nacional. Se eu quero manter vivo o sonho de um estado mais próspero, com menos corrupção e impunidade, esse é o único caminho possível”, disse.

 

Durante a palestra, Dallagnol apresentou o projeto Movimento 200+, ação apartidária, que pretende eleger candidatos que se comprometem com a pauta da anticorrupção. De acordo com o ex-procurador, o objetivo do projeto é renovar a Câmara de Deputados e o Senado com a eleição de candidatos que compactuem com a redução ou extinção do Fundo Eleitoral, com o combate à corrupção e com o fim do foro privilegiado.

 

“É impossível lutar contra a corrupção sem o apoio da sociedade. A gente conseguiu alcançar resultados inéditos na Lava Jato, graças às manifestações populares nas ruas e nas redes sociais. E a única forma de mudarmos novamente o panorama da política nacional é por meio do voto consciente”, afirmou Dallagnol.

 

Manifestações contrárias

A passagem de Dallagnol por Mafra também foi marcada por manifestações de representantes de esquerda, que questionaram a atuação de Dallagnol na Lava Jato e seu plano de negócios e palestras acerca da operação.

 

Ao Riomafra Mix, o ex-procurador afirmou que as pessoas deveriam investir seus esforços na busca por um país com menos corrupção e impunidade. “Por mais que existam alguns cegos que perdem tempo defendendo seus políticos de estimação, a gente ainda tem uma multidão de pessoas que quer transformar o Brasil em um país melhor”, argumentou.