Aids: a conscientização é a forma mais eficaz nessa luta

Segundo a enfermeira Anna Paula Kühl Alves, a Saúde oferece tratamento e medicamentos gratuitos, mas cabe ao paciente escolher se quer ou não receber o tratamento.

 

Nesta terça-feira (1) foi celebrado o Dia Mundial de Luta contra o HIV/Aids, data que tem como objetivo conscientizar toda a sociedade, além de chamar atenção para a doença, prevenção, tratamento e redução do preconceito.

 

Em Rio Negro, segundo a enfermeira chefe da Vigilância Epidemiológica, Anna Paula Kühl Alves, não existe um perfil definido de pacientes. Há homens e mulheres de todas as faixas etárias e de diferentes orientações sexuais. No entanto, das 104 pessoas infectadas, grande parte é de pacientes idosos, que segundo ela, cresceu muito na região. “Por outro lado, existe uma parcela da população que ainda não sabe que tem o vírus”, destacou.

 

Em todo o país, todas as unidades de saúde oferecem testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite B e C, de forma gratuita. “A maioria das pessoas faz o exame após o contato sexual com outras pessoas sem preservativo. Temos também os profissionais da saúde que em algum momento tiveram contato com sangue ou fluidos de pacientes em coletas e aí precisam fazer o teste rápido”, diz.

 

Além do contágio através de relações sexuais desprotegidas, o HIV também pode ser transmitido de outras formas, entre elas: ao compartilhar seringas, em acidentes com agulhas e objetos cortantes infectados, na transfusão de sangue contaminado, e até na transmissão vertical, quando a mãe infectada passa para o feto durante a gestação ou na amamentação.

 

Antirretrovirais para o tratamento da Aids estão disponíveis para a população.

 

Diferença entre HIV e Aids

O HIV é o vírus que pode causar a Aids, enquanto que a Aids, propriamente dita, já é a doença crônica que se instala após anos de danos ao sistema imunológico.

 

“Se a pessoa descobre o vírus cedo, ela vai tomar medicação para o resto da vida, mas quando ela começar a fazer os exames semestralmente, vai ver que sua taxa está indetectável. Significa que ela está com um bom sistema imunológico e que não vai desenvolver a Aids. Quando a pessoa está indetectável, a transmissão não acontece. Entretanto, o uso da camisinha é sempre recomendado em qualquer caso”, disse.

 

Estigmas

Segundo a enfermeira Anna Paula Kühl Alves, a maioria dos pacientes chega nos postos de saúde com justificativas e angústias. “A forma como aconteceu não é importante. Qualquer paciente será tratado da mesma forma, com toda questão ética e moral. Sua intimidade e questões familiares não nos competem”, afirma.

 

Nos casos de infecção, a Saúde oferece tratamento e medicamentos gratuitos, mas cabe ao paciente escolher se quer ou não receber o tratamento.

 

Janela imunológica

A janela imunológica é o período entre a infecção e a produção de anticorpos pelo organismo contra o HIV em uma quantidade suficiente para serem detectados pelos testes, como o teste rápido. Se uma pessoa se testou dias depois de ter transado sem camisinha, pode apresentar resultados negativos nos testes, mesmo tendo se infectado. Isso porque, se o teste é feito durante o período da janela imunológica (30 dias), há a possibilidade de que ele apresente um falso resultado negativo. Portanto, é necessário esperar no mínimo 30 dias para realizar o teste.

 

PEP e PrEP

Existem dois tipos de medicação para exposição ao HIV. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é o uso de medicamentos antiretrovirais por pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV em situações como: violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha), acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou em contato direto com material biológico).

 

Para funcionar, a PEP deve ser iniciada logo após a exposição de risco e deve ser tomada por 28 dias. É importante observar que a PEP não serve como substituta à camisinha.

 

Já a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é o uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar. A PrEP, deve ser utilizada quando há alto risco para adquirir o HIV, porém ainda não tem livre distribuição no Brasil.