Após descoberta histórica, Rio Negro vai ganhar Memorial do Imigrante de Luxemburgo

Em entrevista ao Riomafra Mix, representantes da Câmara de Comércio Brasil-Luxemburgo trouxerem detalhes sobre o memorial e manifestaram interesse de mudar a sede da entidade para Rio Negro.

 

 

O Dia Nacional do Luxemburgo é celebrado anualmente no dia 23 de junho, data que corresponde ao aniversário do Grão-Duque.

 

Em entrevista exclusiva ao Riomafra Mix, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Luxemburgo (CCBRALUX), Cícero Bley Júnior; o vice-presidente, Arnoldo Bley Neto e a integrante do comitê do Memorial do Imigrante de Luxemburgo, Maria Majowski de Aviz, destacaram a importância dos imigrantes luxemburgueses para a história de Mafra e Rio Negro.

 

Segundo Cícero, quatro famílias de Luxemburgo vieram ao Brasil e se instalaram em Riomafra: os Bley, Grein, Stresser e os Kreus. “Na década de 1820, essas famílias saíram de suas cidades num período de grande miséria e provação. Andaram a pé até o porto de Bremen, na Alemanha e em seguida, cruzaram o Atlântico por quase um mês, desembarcando no Rio de Janeiro. Essas pessoas desceram para o Sul em busca de terras, onde pudessem se instalar e muitos deles firmaram raízes em nossa região”, conta o presidente.

 

Os Grein vieram da região de Beaufort e os Kreus da região de Berdorf, pertencentes ao distrito de Echternach. Já os Bley e Stresser vieram de Feulen, no distrito de Diekirch.

 

Por ser um dos polos da imigração luxemburguesa no Brasil, Rio Negro vai ganhar em breve o Memorial do Imigrante de Luxemburgo. O memorial tem a finalidade de preservar e pesquisar dados relacionados ao imigrante luxemburgês no município, além de divulgar suas tradições, usos e costumes.

 

A descoberta

Através de um recorte antigo de jornal e da indicação da professora e historiadora Cíntia Maria Cordeiro, a CCBRALUX descobriu a existência de um local chamado Parque Bley, área que abrigava uma antiga usina termoelétrica a óleo do político, empresário e filho de imigrante luxemburguês, Nicolau Bley Neto.

 

O parque situado na Avenida Francisca de Almeida, na Vila Paraná, foi utilizado pela comunidade rionegrense para a promoção de piqueniques e eventos por aproximadamente 30 anos.

 

 

Nicolau foi pioneiro em geração de eletricidade e após dois anos de trabalho na termoelétrica, decidiu investir em um projeto menos custoso. Foi quando instalou a usina hidrelétrica da localidade de São Lourenço, em Mafra, que existe até hoje e é operada pela Celesc.

 

Após um trabalho de pesquisa, historiadores estiveram no Parque Bley e encontraram as ruínas da antiga usina termoelétrica, comprovando a existência do local. “Isso nos motivou a recuperar esta área para a comunidade. Em uma reunião do Plano Diretor de Rio Negro, relatamos o fato e propusemos a revitalização do espaço e a criação do Memorial do Imigrante de Luxemburgo. Prontamente, os vereadores e a comunidade acolheram a ideia e levaram o projeto para a prefeitura”, disse Cícero.

 

 

Em junho de 2021, a prefeitura concedeu o espaço à CCBRALUX e autorizou a criação do memorial. “Já iniciamos a limpeza da área e a ideia é chamar arquitetos locais para ajudar a construir o memorial, preservando as ruínas da termoelétrica”, destaca o presidente.

 

 

Segundo a integrante do comitê do memorial, Maria Majowski de Aviz, o ato da prefeitura de desapropriar a área e destiná-la legalmente para a construção de um memorial público foi um marco histórico para os descendentes luxemburgueses.

 

Foto: Prefeitura Municipal de Rio Negro

 

Mudança da sede

Os representantes da Câmara de Comércio Brasil-Luxemburgo (CCBRALUX) destacaram ainda que o memorial é uma porta de entrada para que a entidade passe a atuar em Rio Negro num futuro próximo. Atualmente, a sede está localizada em Curitiba, na capital paranaense.

 

“Fermenta-se a ideia de transferirmos a Câmara para Rio Negro, mas este processo não depende só de nós. Existem diversas questões burocráticas no meio do caminho. Cabe à população rionegrense se manifestar para que esta mudança realmente aconteça”, disse Cícero.

 

Para Maria Majowski, caso a mudança seja oficializada, a Câmara será uma ponte entre a população riomafrense e Luxemburgo. “Além de trazer fundos de investimento para Riomafra, esta ponte vai expandir a cultura luxemburguesa em nossa região. Além disso, poderemos firmar parcerias com empresas, escolas e universidades e facilitar o acesso à cidadania luxemburguesa a nossos descendentes”, pontuou.

 

No Brasil, a comunidade luxemburguesa tem cerca de 50 mil descendentes de imigrantes no Sul e Sudeste, o que equivale a quase 8% da população total do Grão-Ducado. Situado na Europa Ocidental, Luxemburgo é limitado pela Bélgica, França e Alemanha e possui uma economia altamente desenvolvida, com um dos maiores PIB per capita do mundo.