Cardeal de Mafra é cotado como próximo papa; entenda o que pesa a favor
Nascido no interior de Mafra, Dom João Braz de Aviz participa do conclave e é visto como alguém que poderia manter o legado de Francisco, com quem tinha profunda amizade.


O conclave que vai escolher o novo papa começou nesta quarta-feira (7), reunindo 133 cardeais em Roma. Embora nomes favoritos estejam em evidência, padres brasileiros que acompanham os bastidores do Vaticano acreditam que uma “zebra” pode surgir – e ela viria do Brasil.
O nome apontado é o de Dom João Braz de Aviz, nascido na localidade de Avencal do Meio, interior de Mafra.
Embora não figure entre os principais cotados, Aviz já foi um dos cardeais mais próximos do papa Francisco. Os dois chegaram a assistir partidas de futebol juntos no Vaticano.
De perfil progressista, Dom João é visto como alguém que poderia manter o legado de Francisco, especialmente por seu profundo conhecimento da Cúria Romana – onde atuou como prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada até 2023.
Segundo religiosos ouvidos pela imprensa, o cardeal catarinense seria o nome ideal para um papado de transição, que garantiria estabilidade e prepararia o terreno para um futuro líder mais conservador. “Dom João administraria o que agora existe e abriria caminho para uma transição, na visão dos conservadores. Com isso, o próximo papa poderia ser um ‘mão pesada’”, afirma um sacerdote.

De Mafra ao Vaticano
Dom João Braz de Aviz nasceu em 24 de abril de 1947, em Mafra. Ingressou no seminário ainda criança, aos 11 anos, e mais tarde se formou em Filosofia e Teologia, com doutorado em Teologia Dogmática em Roma. Foi ordenado padre em 1972 e percorreu uma extensa carreira religiosa, que incluiu funções acadêmicas e pastorais em várias regiões do Brasil.
Em 1994, tornou-se bispo auxiliar de Vitória (ES), depois foi bispo de Ponta Grossa, arcebispo de Maringá e de Brasília, onde organizou o XVI Congresso Eucarístico Nacional. Em 2011, foi chamado ao Vaticano por Bento XVI e nomeado prefeito da então Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, função que exerceu até 2023, quando completou 75 anos. Mesmo assim, o Papa Francisco decidiu mantê-lo no cargo por mais dois anos, em reconhecimento ao seu trabalho.
Atentado e sobrevivência
A trajetória do cardeal também tem um capítulo dramático. Em outubro de 1983, Dom João foi sequestrado por criminosos que se preparavam para assaltar um carro-forte no interior do Paraná. Durante a ação, ele foi usado como escudo humano e acabou baleado com um tiro de escopeta disparado por um segurança do carro-forte. Sobreviveu após ser atingido por estilhaços em várias partes do corpo.
Apesar de já ter sido cogitado no conclave que elegeu o papa Francisco em 2013, sua eventual escolha agora seria considerada uma surpresa, especialmente por ser latino-americano – algo não esperado para esta eleição, segundo analistas.