Crianças relatam saudade de contato próximo com professores e colegas
Para os pais, é um desafio manter o interesse dos pequenos enquanto estudam em casa.

O pequeno Vitor Gabriel, de 5 anos, teve que se adaptar a uma nova rotina, com aulas remotas, desde o início da pandemia de covid-19, em março deste ano. As idas à escola, com o encontro animado com os coleguinhas pela manhã, deram lugar às videoaulas e a novos hábitos para evitar a contaminação pelo coronavírus.
Ele aprendeu os cuidados que deve tomar, como usar máscara ao sair de casa, passar álcool em gel e lavar as mãos com frequência. De acordo com a mãe Camila Bárbara Krull, o filho gosta das aulas remotas, mas sente falta do contato mais próximo com a professora e os colegas.

“Estou gostando das aulas pelo computador. Mas eu prefiro a aula na escola porque dá para encontrar os coleguinhas. Também sinto falta do parquinho e da professora”, conta Vitor.
Segundo Camila, a rotina das aulas à distância impactou a vida de todos os envolvidos no processo escolar. “Em alguns momentos é bem complicado. Nem sempre as crianças querem realizar as atividades ou não têm paciência para assistir os vídeos. Acredito que em sala de aula, o aproveitamento seria muito maior, pois, nós pais, nem sempre sabemos a maneira correta de ensinar”, disse.
Os desafios da pandemia também impactaram a vida do Luis Miguel Hable Borba, de 5 anos. Segundo a mãe Helena Hable, a escola onde o filho estuda conta com um grupo no Whatsapp onde a professora envia as atividades da semana. “São tarefas simples de fazer, mas é difícil mantê-los focados. Sem as aulas presenciais, eles acabam não se interessando muito”, conta.

Apesar disso, Helena conta que não tem queixas da escola. “Tudo vem muito bem explicado e podemos tirar dúvidas com os professores. As atividades são bem intuitivas e sempre com o que temos em casa”, disse.
Luiz Miguel, no entanto, sente saudades do convívio com os coleguinhas e professores. “Ele sente falta desse contato e até de ter um momento longe dos pais, algo que é importante e faz parte do desenvolvimento”.
A rotina dentro de casa também mudou com a pandemia. A família criou formas de entreter o filho, tentando envolvê-lo nas atividades diárias e participando de brincadeiras ao ar livre. “Apesar disso, evitamos sair ao máximo com ele, porque ele não entende que não pode tocar e abraçar. Ele gosta muito de contato físico e não tem ainda maturidade para entender a gravidade do que está acontecendo. Por isso, temos muito cuidado com ele”, revela Helena.
Desafios da educação
Com a pandemia, muitos gestores tiveram que buscar saídas emergenciais para continuar as atividades, com o auxílio de suportes remotos de ensino e a introdução de novas metodologias, apoiadas em tecnologias digitais.
Segundo dados da Unicef, cerca de 4,8 milhões de crianças e adolescentes, de 9 a 17 anos, não têm acesso à internet em casa. Isso, corresponde a cerca de 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária.
Mesmo para os alunos com acesso à internet, há um grande esforço para aprender e gerenciar o tempo dentro de casa. Para os mais jovens, desenvolver a disciplina e estudar no modelo EAD é ainda mais difícil.
Tudo isso, somando ao contexto de estresse, pois estão confinados em casa, longe dos amigos e durante um surto na saúde a nível internacional. Além disso, os pais, muitas vezes, precisam conciliar suas próprias tarefas diárias com as atividades escolares dos filhos.