Estudantes criam blocos sustentáveis e herbicida orgânico em projeto escolar
As iniciativas focam no reaproveitamento de esponjas de cozinha e no controle de plantas daninhas.


A Escola de Educação Básica Jovino Lima, de Mafra, tem desenvolvido projetos sustentáveis junto de estudantes do Ensino Médio.
Com o apoio dos professores, os alunos colocaram em prática duas iniciativas que unem conhecimento científico e preocupação com o meio ambiente, gerando mudanças concretas tanto na cidade quanto no campo.
O primeiro deles propõe uma alternativa para o descarte de um item comum, mas altamente poluente: as esponjas de cozinha. Sob a orientação das professoras Djenifer Steidel Strobel e Patrícia Dias, os alunos do 3º ano desenvolveram blocos ecológicos utilizando esponjas descartadas como matéria-prima para a construção civil.

Segundo a professora Djenifer, idealizadora do projeto, a ideia surgiu de uma preocupação com o meio ambiente. “Sabemos o quanto as esponjas são prejudiciais e, durante uma das minhas pesquisas, me veio a pergunta: e se essas esponjas pudessem ser incorporadas a blocos de concreto? Foi então que convidei a professora de Química, Patrícia Dias, para experimentarmos juntas em sala de aula”, explica.
Durante os testes, cinco composições diferentes foram analisadas, com destaque para o segundo experimento, que combinou o uso de esponjas inteiras envoltas em uma massa de cimento, areia e água.
A atividade resultou em blocos com resistência de até 150 quilos, leves e com propriedades de isolamento térmico e acústico, além de custo estimado em apenas R$ 0,23 por unidade.
Para aproximar ainda mais a ideia do cotidiano dos estudantes, a equipe criou personagens inspirados no universo do desenho “Bob Esponja”, tornando o aprendizado mais lúdico e acessível às crianças de diferentes séries da escola.
“Queremos construir bancos no pátio da escola e utilizar os blocos na horta escolar. Para o futuro, esperamos que alguma empresa veja valor em nosso projeto e decida investir nessa ideia. Quem sabe, em breve, veremos casas sendo construídas com os blocos ecológicos criados a partir de esponjas descartadas. Seria uma vitória para todos os envolvidos”, afirma a professora.
Herbicida orgânico
Um projeto voltado ao campo também está em desenvolvimento na Escola Jovino Lima: um herbicida orgânico voltado ao controle da buva, uma planta daninha conhecida por sua resistência a defensivos agrícolas tradicionais e que representa um dos principais desafios da agricultura atual.

A iniciativa foi criada pelos estudantes Letícia Schafaschek e Gustavo Strobel Resner, com orientação dos professores Djenifer Strobel e Marcos Eschiavon.
Feito com substâncias biodegradáveis e de fácil acesso, o produto dispensa o uso de equipamentos industriais. Durante os testes, o herbicida demonstrou eficácia em até 48 horas, provocando necrose foliar, murchamento e colapso estrutural nas plantas, mesmo em estágios avançados de desenvolvimento.
Segundo os orientadores, o diferencial da solução está na combinação de mecanismos físicos e químicos, que dificultam o surgimento de resistência por parte da planta, algo comum nos produtos sintéticos.
Desenvolvido ao longo de 2024, o projeto agora avança para uma nova etapa. Neste ano, os alunos estão realizando testes com foco nos efeitos do produto sobre o solo, especialmente no processo de germinação e na saúde ambiental a longo prazo.
“Nossa intenção é incentivar uma agricultura mais consciente, que utilize menos produtos químicos agressivos ao meio ambiente e à saúde. Esperamos que essa iniciativa possa despertar o interesse de empresas verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade e, quem sabe, abrir portas para parcerias que fortaleçam ainda mais essa proposta”, destaca a professora Djenifer.