Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

A doçura e acidez do vinho Madeira

Vinho produzido em Portugal é considerado um dos mais longevos e complexos do mundo.

Foto: Divulgação

 

 

O vinho Madeira é, sem dúvida, uma das mais emblemáticas bebidas portuguesas. Produzido na Ilha da Madeira, região autônoma de Portugal, esse vinho de sobremesa tem uma história curiosa e sabor único, que merecem ser explorados.

 

A primeira vez que experimentei o vinho Madeira, confesso que fiquei um pouco surpreso. Afinal, não é todo dia que se degusta uma bebida que remonta ao século XVII, como é o caso desse vinho. Ainda assim, foi amor à primeira vista. O sabor adocicado e complexo é difícil de descrever, mas posso dizer que a mistura de sabores de nozes, caramelo, chocolate e frutas secas é um verdadeiro deleite para o paladar.

 

De fato, não dá para falar do vinho Madeira sem mencionar sua doçura. O vinho Madeira é um vinho doce, mas não é apenas isso que o define. A doçura é uma característica importante, mas há muito mais a ser explorado nessa bebida de sabor complexo e singular.

 

O equilíbrio entre o açúcar residual e a acidez é fundamental para garantir que o vinho não fique enjoativo, e isso é uma das coisas que fazem dele uma bebida tão especial. Além disso, a doçura é apenas um dos elementos que compõem o sabor do vinho, que também apresenta notas de frutas secas, especiarias, nozes e caramelo.

 

Em resumo, o vinho Madeira é um vinho doce, mas é muito mais do que isso. É uma bebida rica em história, sabor e tradição, que merece ser apreciada e degustada com cuidado e atenção aos detalhes.

 

O processo de produção do vinho Madeira é bastante peculiar. Diferentemente da maioria dos vinhos, que envelhecem em barricas de carvalho francês ou americano, esse vinho é submetido a um processo de aquecimento, chamado de “estufagem”, que simula as condições a que o vinho era exposto durante as viagens marítimas do século XVIII. Esse processo consiste em aquecer o vinho a uma temperatura controlada e mantê-lo nessa temperatura por um período determinado, para que ocorra uma oxidação natural do vinho e para que ele desenvolva o sabor característico.

 

O resultado final é um vinho que tem uma graduação alcoólica elevada (em torno de 20%) e um sabor bastante complexo e único, que pode ser apreciado em diferentes ocasiões. Eu, por exemplo, gosto de servir o vinho Madeira como sobremesa, acompanhado de um bom queijo azul. Mas ele também pode ser uma excelente opção para um brinde especial, um presente para um amigo ou simplesmente para um momento de degustação com os amigos.

 

Se você ainda não experimentou o vinho Madeira, sugiro que o faça o quanto antes. É uma bebida que vale a pena ser conhecida e apreciada, não só pela sua história e tradição, mas também pelo sabor inigualável e pela experiência que proporciona. Afinal, como dizem os portugueses: “um bom vinho Madeira é como uma boa amizade: quanto mais velho, melhor”.

 

Saúde!