Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

O que caracterizam os vinhos tintos secos?

A grande característica do vinho seco está na quantidade de açúcar presente na bebida.

Foto: Divulgação

 

 

Todos que já compraram vinho já se depararam com a expressão vinho tinto seco, você sabe o que isso significa? A resposta básica é: todos que não tenham doçura discernível.

 

Ela pode ser traduzida por uma sensação de “secura na boca”? Na verdade, não. Muitos que gostam de vinhos tintos acabam por pedir um vinho seco, justamente porque para eles, isso representa um ressecamento na boca ou talvez porque isso lhe passa uma sensação de vinhos mais fortes, com bastante cheiro de fruta.

 

Já aprendemos nas primeiras lições que isso decorre de outro fator, que é a ação dos taninos e ações adstringentes do vinho. Portanto, se ele é seco é porque não se encontra níveis de doçura perceptíveis na boca. No entanto, é preciso tomar um cuidado. No Brasil, nossa legislação trata o nível residual de açúcar entre 4 e 25 gramas por litro da bebida.

 

Como a legislação permite valores muito amplos de doçura para a classificação meio seco, é possível encontrar desde vinhos com dulçor praticamente imperceptível, aos levemente doces ou, até mesmo, muito adocicados. Afinal, um rótulo com 4 g/L de açúcar pode ser seco ao paladar, enquanto outro que se aproxime do valor máximo, 25 g/L, será nitidamente adocicado.

 

Isso quer dizer o seguinte: que vários vinhos que encontramos no mercado como “vinho meio seco” na verdade são secos. E de fato são. Muitos importados são classificados fora no país como seco, mas aqui precisam se adequar à legislação brasileira. Notadamente que deveríamos seguir um padrão internacional, até pelo histórico de grandes países produtores de vinhos. Opinião pessoal.

 

Todo vinho começa como suco de uva doce, mas é durante a fermentação, que as leveduras comem o açúcar, convertendo-o em álcool. Depois desse processo, o vinho é considerado seco. E nas hipóteses em que ele é residual, pode ser considerado meio doce ou doce. Em ambos os casos, ele é perceptível.

 

Não se prendam a figura, ao menos no Brasil, de que o vinho meio doce, seria doce (só esqueçam o vinho de mesa, que segue outros padrões). É importante sempre degustar o produto e sentir se há ou não residual. Secar a boca, apenas indica a quantidade de taninos e adstringência, mas não define o que é vinho seco.