Robson Komochena

Cotidiano, política e a história de Rio Negro, Mafra, Itaiópolis e região sob o olhar polêmico e irreverente do jornalista.

Resgate histórico: a festa de 6 de agosto em outros tempos

Fotos raras mostram como era o evento nas décadas de 40 e 50.

Foto: Maria da Gloria Foohs/Acervo

 

 

Neste domingo (6), que Rio Negro celebra a 131ª edição da Festa do Senhor Bom Jesus da Coluna, compartilho informações levantadas pela professora Cínthia Maria Cordeiro, uma das poucas pessoas que trabalham na manutenção da nossa história.

 

“A festa, que inicialmente acontecia na praça da matriz, mudou-se, em 1978, para o pátio da Casa Paroquial, Salão 6 de Agosto e Centro Catequético Paroquial, onde os espaços são mais bem distribuídos.

 

Ao longo desses anos, é impossível levantar dados de quantos foram os festeiros, os colaboradores e frequentadores destas festas.

 

De acordo com registros da historiadora Maria da Glória Foohs (em memória), nas décadas de 40 e 50, um grupo de moças do movimento “Filhas de Maria” faziam a coleta de prendas nas casas, de rua em rua, enquanto a banda de Otto Buch, a Banda do Busmann, ou antes, a do senhor Schneider, se postavam na esquina de cada rua, juntamente com uma pessoa empunhando o estandarte do Senhor Bom Jesus.

 

A banda tocava para todos, convidando os fiéis, fazendo vibrar de entusiasmo e fé, tocando o seu repertório por todo o dia e em todos os pontos da cidade.

 

As irmãs do Colégio São José fabricavam suas próprias prendas: bordados, quadros de santinhos recobertos por chapas de raio-X usadas e limpas, emolduradas com um crochê, saquinhos com bolas de gude, etc. Muitas pessoas se preparavam o ano inteiro para as festas.

 

As prendas do interior eram coletadas pelos componentes da Congregação Mariana e outros senhores, que se divertiam, mas também penavam ao correr atrás de galinhas e porquinhos doados. A diversão começava por aí.

 

O ponto alto da festa era sempre a procissão, onde a imagem do Senhor Bom Jesus da Coluna, bem como seus estandartes, percorriam as principais ruas da cidade, acompanhados de uma multidão de fiéis e devotos atravessando a ponte, indo abençoar os moradores dos dois lados do rio Negro, o que acontece até os dias atuais. As festas também eram planejadas com muita antecedência e tudo começava com as novenas.

 

O evento reunia praticamente toda a população da cidade, os “festeiros” corriam toda a vila e no interior em busca de “prendas” para a festa, as quais eram ofertadas, quase sempre regiamente, mesmo por aqueles de poucos recursos, e que queriam pagar uma promessa.

 

Finalmente no dia 6 de agosto todos se dirigiam para igreja. Grande parte vinha a pé muito de longe e descalços para economizar sapatos, ou porque os pés não os aguentavam por muito tempo.

 

Traziam os sapatos e as botinas nas mãos, e ao aproximar-se do santuário lavavam os pés no riacho, e assim calçados, arrumados, lustrosos e alegres entravam na festa.

 

O trajeto da procissão era percorrido com muita fé. Eram muitos os penitentes e devotos que vinham pagar suas promessas: pés descalços conduzindo o andor, dezenas de crianças vestidas de anjo ou como o Bom Jesus. A banda de música acompanhava o andor, incentivando os cantos e rezas dos fiéis.

 

Neste dia, era a festa maior, à qual o povo comparecia em massa, participando dos leilões, barraquinhas de comidas e prendas, ocupando toda a área da festa.

 

As valorosas senhoras do Apostolado da Oração eram encarregadas de atenderem as barracas onde era servido o café com cuque, sonhos, bolo, pão, etc. Cada Congregação ou Associação arregaçava as mangas e trabalhava sem descanso pelas nove noites e dia da festa.

 

Muito flerte, muito namoro, muitos olhares, rolava entre os jovens. Os rapazes adquiriam um brinquedo, uma bola de papel com serragem fina dentro e segura por um elástico que se amarrava no dedo. E como um pingue-pongue esta bolinha era arremessada de encontro à jovem escolhida para o flerte, o namoro.”

 


Procissão no ano de 1948. 

Jogo de bocha na festa de 1959.

Equipe do tradicional churrasco, nos anos 60.

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