Rio Negro: o menor cemitério do mundo foi construído para expulsar “visagens”

O local ganhou então o nome de Cemitério dos Anjos, e em 2006 entrou para o Guiness Book Brasil.

Fotos: Robson Komochena

 

“O ano era 1929 e, segundo reza a lenda, contada de pai para filho, uma extinta assombração arrepiava os moradores do interior de Rio Negro. Chamada de Bradador, a “visagem” trazia medo aos moradores da época. Foi então que, para aplacar a perseguição, um grupo de amigos se reuniu com o objetivo de construir uma capela na localidade de Campina dos Andrade, local de maior aparição da “coisa ruim”. Desde então o “bicho” não tem mais aparecido.

 

Lenda a parte, com o decorrer dos anos, a capela foi recebendo corpos de natimortos ou de crianças recém nascidas, filhos de católicos, que morreram antes do batismo. O local ganhou então o nome de Cemitério dos Anjos, e segundo a turismóloga Larissa Grein Becker, em 2006 o Guiness Book Brasil registrou como o menor cemitério do mundo. “Infelizmente não temos outros registros oficiais a respeito desta capela e das outras localizadas nas redondezas”.

 

 

A reportagem não conseguiu localizar: Ema Rodrigues, Pedro Alves Ribeiro e Constantino Rauen, ou seus familiares, os quais são tidos como os três amigos que cederam o terreno e construíram a capela há 83 anos, porém, encontramos dona Leontina Weber, de 77 anos, que tem dedicado mais de meio século de sua vida ao cuidado da capela. Hoje, viúva, ela conta, que em meados da década de 60, recém-casada, passou a enfrentar problemas no casamento, foi então que teve a ideia de fazer uma promessa, caso sua vida conjugal melhorasse ela cuidaria da capela até seu último dia de vida. “Minha missão e cuidar da capela. Lembro-me, de quando eu era uma criança, minha avó, era quem fazia os partos, com isso acompanhei nascimentos e infelizmente o enterro de alguns bebes”.

 

O cemitério foi totalmente reformado, mas a lembrança continua, tanto que segundo Leontina, algumas mães ainda acendem velas para seus filhos no local. E em todos os anos, sempre no dia 12 de outubro, os moradores se reúnem e distribuem brinquedos a crianças carentes da localidade.

 

 

Atualmente não são enterrados mais crianças, e não se sabe quantos corpos lá existem. “São muitos!”, observa Leontina.

 

Outras duas capelas existem nos arredores, uma na localidade de Sítio dos Rauen, ao lado da Escola Municipal Venceslau Muniz e outra um pouco adiante, também na Campina dos Andrades, próxima ao um ponto de ônibus, que são geralmente confundidas com o cemitério.”

 

Capela da localidade de Campina dos Andrades. Foto: Robson Komochena

 

Capela da localidade de Sítio dos Rauen, ao lado da Escola Venceslau Muniz. Foto: Douglas Dias/Arquivo.