Escritora aborda evolução do tratamento psiquiátrico na região

Adriana Moro lançou livro que resgata a história da saúde mental e da luta antimanicomial em Riomafra.

 

 

A enfermeira e escritora Adriana Moro foi a convidada desta semana do quadro “Dois Dedos de Prosa” do Riomafra Mix, em parceria com a rede de postos M7. Com uma trajetória de 22 anos na área da saúde, Adriana compartilhou detalhes sobre o lançamento de seu mais novo livro, intitulado “Biografia dos Anônimos: Pessoas (In)comuns e seu direito de ocupar espaços comuns”. O livro aborda a evolução do tratamento psiquiátrico na região e a transformação do cuidado em saúde mental e atenção psicossocial através das décadas.

 

A obra retrata minuciosamente todo o processo de construção do Grupo Esperança Casa Azul de Mafra, associação de atenção psicossocial que teve papel fundamental no fortalecimento da luta antimanicomial, proporcionando um atendimento humanizado aos pacientes da região.

 

“Inicialmente, a Casa Azul oferecia aos usuários diversas atividades, como artesanato e panificação, visando a reabilitação e a reintegração social das pessoas com transtornos psiquiátricos. Com o passar do tempo e a implementação de novas políticas públicas, a Casa Azul foi incorporada ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), ampliando sua atuação e proporcionando oportunidades para que os pacientes exercessem seu direito de estar e conviver em sociedade, evitando assim o isolamento e a internação em instituições de longa permanência”, disse.

 

Segundo Adriana, o livro é uma homenagem para as pessoas que fizeram parte da reforma psiquiátrica em Riomafra e no restante do Brasil. O prefácio da obra de é assinado por seu supervisor, o médico psiquiatra e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), Paulo Amarante. Paulo foi um dos pioneiros do movimento de reforma psiquiátrica no Brasil e autor de diversos livros sobre o tema.

 

A escritora destacou que, por muito tempo, as pessoas com transtornos psiquiátricos eram estigmatizadas e muitas vezes escondidas ou mantidas em manicômios. No entanto, graças à luta antimanicomial, muitas destas instituições foram desativadas ou substituídas por unidades de acolhimento. “Ainda existem alguns manicômios e espaços de encarceramento no Brasil e a luta antimanicomial busca justamente mudar este panorama e levar mais dignidade para estes indivíduos”, disse.

 

Adriana também destaca a importância de eliminar o estigma em relação às pessoas com diagnósticos de saúde mental, ressaltando que elas são capazes de levar uma vida tranquila e produtiva. “Inicialmente o livro seria mais acadêmico, mas eu e meu supervisor, optamos por deixar o texto de fácil leitura e compreensão, para que chegasse a toda a comunidade. A proposta é justamente desmitificar os serviços e associações relacionados à saúde mental e aproximar a sociedade desta realidade”, pontua.

 

Além de Riomafra, o livro já foi lançado em Jaraguá do Sul e terá lançamentos futuros em Curitiba, no mês de agosto, e no Rio de Janeiro, em setembro.

 

A obra pode ser adquirida neste link e na Livraria Prefácio, no Centro de Rio Negro.