Pastor Aislan Greuel fala sobre fé e espiritualidade nos tempos atuais

Recém chegado, Aislan foi nomeado pastor da Igreja Luterana de Rio Negro há dois meses.

 

 

O pastor Aislan Greuel é o convidado desta semana do programa “Dois Dedos de Prosa” do Riomafra Mix, em parceria com a rede de postos M7.

 

Recém chegado, Aislan é natural de Pomerode e foi nomeado pastor da Igreja Luterana de Rio Negro há dois meses. Nascido em uma família luterana, Aislan estudou Teologia em São Bento do Sul e conta que foi confirmando sua vocação durante sua trajetória na faculdade.

 

Segundo o pastor, a história e teologia da Igreja Luterana surgiu há 500 anos e o maior desafio da doutrina hoje é manter a essência e se adaptar às mudanças atuais. “A comunidade de Rio Negro é um pouco fora da curva de muitas igrejas luteranas, pois a maioria dos fiéis ainda conservam o tradicionalismo e a formalidade histórica. No entanto, é um desafio manter nossa teologia e encontrar meios de atualizar a comunicação com as novas gerações e com os dilemas dos nossos tempos”, disse.

 

Aislan também falou sobre a importância da comunhão e questionou o fato de muitos jovens deixarem as igrejas para encontrar a espiritualidade sozinhos. “Para mim, existe algo na comunhão que é sobrenatural, que só existe neste vínculo com as pessoas. Nós somos um corpo, uma comunidade e precisamos dos outros para dar e receber cuidado. Eu não consigo enxergar uma espiritualidade saudável sem comunhão. Eu não consigo entender uma essência de cristianismo longe dos outros. A comunhão também desperta a nossa humanidade, nos aproxima de outros círculos sociais, de pessoas com outras visões de mundo, e faz, com que encontremos um ponto em comum, um caminho que nos una, apesar das diferenças”, disse.

 

O pastor destacou ainda que a igreja deve continuar seguindo seu propósito, mesmo com as mudanças sociais e culturais que ocorrem no mundo. “Mesmo que pra alguns, o discurso da igreja soe como opressor ou radical, estamos seguindo a história do cristianismo. Somos o ponto fora da curva e a gente não se deve deixar levar pela maré. Mesmo que percamos força, continuaremos mostrando um novo caminho. Muitos vão se incomodar e vão se queixar, mas há coisas que são inegociáveis. As pessoas têm a liberdade de fazer o que quiserem, mas a igreja estará lá apontando um caminho melhor para elas. É um desafio, ainda mais em tempos tão tensos e polarizados”, disse.

 

Ainda assim, Aislan acredita que o tradicionalismo e a modernidade podem caminhar paralelamente dentro das igrejas. “A gente tem um público histórico que tem que ser levado em consideração, mas também temos um público mais jovem, que também queremos impactar. Hoje, por exemplo, a Igreja Luterana de Rio Negro tem dois tipos de cultos. De manhã, é mais focado no público tradicional, e os da noite, ao público mais jovem. Geralmente, à noite, a pregação é mais contextualizada e os cultos são mais animados, justamente para aproximar as novas gerações”, pontuou.

 

Por fim, o pastor falou sobre suas primeiras impressões sobre Rio Negro. Segundo ele, a cidade foi muito acolhedora e o povo se mostrou muito caloroso. “Diferente da maioria das cidades grandes por onde passei, aqui eu conheço toda minha vizinhança, já sei o nome das pessoas. Pessoalmente, eu gosto muito desta proximidade, desse vínculo que criamos com as pessoas”, finalizou.