Setembro Amarelo: psicóloga explica como ajudar pessoas com inclinação suicida

Acolher sem julgar é a melhor alternativa para lidar com alguém que está passando por momentos de sofrimento.

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O Setembro Amarelo é uma campanha criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática normalmente motivada pela depressão. Mesmo com tantos casos notórios, crescentes a cada ano, ainda existe uma expressiva barreira para falar sobre o problema.

 

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. No Brasil, esse número equivale a 14 mil suicídios anuais, uma média de 38 mortes por dia.

 

Todos esses números poderiam ser evitados ou reduzidos consideravelmente com políticas mais eficazes de prevenção do suicídio. A campanha do Setembro Amarelo surgiu em 2015 com a proposta de mudar este panorama, conscientizando a população sobre sofrimento mental e suicídio e combatendo estigmas e preconceitos.

 

Segundo a psicóloga Giselle Fuchs (CRP 12/09967 – 08/IS-448), falar sobre suicídio não é estimular a prática do ato. “Muitas pessoas ainda enxergam essa questão como tabu e evitam, de todas as formas, falar sobre o assunto. Perguntar como o outro se sente em relação ao suicídio não é estimular a prática, mas sim, mostrar acolhimento, criar um ambiente seguro, onde a pessoa se sinta à vontade para falar e ser ouvida”, disse.

 

As pessoas que pensam em tirar a própria vida normalmente estão tentando fugir de uma situação que lhes parece insuportável. No entanto, a busca por ajuda não precisa ocorrer somente após uma tentativa de suicídio, mas já nos primeiros sinais de dificuldade.

 

“Se o familiar que está próximo notar uma mudança de comportamento, como isolamento social, dificuldade de relacionamento, insegurança, redução de desempenho na escola ou trabalho, crises de raiva, baixa autoestima e impulsividade, talvez seja uma boa hora de conversar com a pessoa, e se for necessário, encaminhá-la para uma ajuda especializada”, pontua Giselle.

 

De acordo com a psicóloga, existem diversos fatores que contribuem para que a pessoa queira tirar a própria vida. “É importante entender se a pessoa já tem algum transtorno mental que ainda não foi diagnosticado ou tratado adequadamente, como depressão, dependência de álcool e drogas ou transtorno bipolar. Se possui histórico de suicídio e depressão na família. Ou ainda, se está vivendo em ambientes estressantes ou passando por momentos de dificuldade financeira. São inúmeros os agravantes que podem levá-las a este extremo”, disse.

 

O papel da família, nestes casos, é dar suporte e jamais culpabilizar a vítima ou minimizar seu sofrimento. “A família precisa entender que quando a pessoa fala sobre suas inclinações suicidas, ela não está querendo chamar a atenção. Se ela está trazendo essa questão à tona, é porque de fato está vivenciando este sofrimento. Fazer cobranças e julgamentos só vai piorar o quadro do paciente. É importante se colocar disponível para ouvir, acolher e criar um vínculo com a pessoa”, disse.

 

Além disso, o familiar deve buscar ajuda especializada para garantir o melhor tratamento ao paciente, seja através de psicólogos, psiquiatras ou profissionais das unidades básicas de saúde e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

 

“É muito importante que a pessoa com ideações suicidas, compartilhe esse sentimento com alguém, com quem se sinta à vontade e acolhida. Que ela entenda a importância de aceitar ajuda para enfrentar este problema. Infelizmente, mudar esse panorama exige tempo e a ajuda de um profissional é extremamente necessária para que a pessoa receba o tratamento adequado e consiga lidar com estas dores emocionais”, pontuou a psicóloga.

 

Outra forma de ajuda é o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço que atende de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que precisam de apoio emocional, sob total sigilo por telefone, no 188 ou pela internet, em www.cvv.org.br.