Carise Krahl

Bióloga, herborista e artesã, transforma tecidos e ervas aromáticas em produtos de cuidados naturais e bem-estar.

A importância de identificar as plantas corretamente

Que tal um chá de repelente de insetos? Ou tomar um chá que acelera o coração em uma crise de ansiedade? Não parece sensato, não é mesmo?

Fotos: Carise Krahl

 

 

Infelizmente muitas pessoas cometem erros de identificação das plantas medicinais e além de colocar em risco sua saúde, não atingem o objetivo esperado e acabam duvidando do poder medicinal das plantas. Conhecer as plantas é fundamental para utilizá-las da melhor forma. Usar uma erva porque alguém disse que ″fulano tomou″ é no mínimo perigoso. Há muitas plantas parecidas morfologicamente e até plantas chamadas pelo mesmo nome popular, que não são nem parentes. Outras até são do mesmo gênero, mas tem usos diferentes, como é o caso de duas plantas do gênero Cymbopogon.

 

O nosso conhecido Capim-limão, ou Capim-cidreira, que é calmante, sedativo e digestivo e o repelente para insetos chamado de Citronela. Estas plantas têm folhas parecidas, mas aroma muito diferente. Enquanto o capim-limão tem aroma que lembra os cítricos utilizados na culinária, a citronela lembra desinfetante de banheiro e apesar de ser utilizada na aromaterapia, não deve ser ingerida. Veja nas fotos abaixo a diferença entre as duas plantas:

 

Foto: Divulgação

Outro gênero que causa muita confusão é o gênero Lavandula, das encantadoras lavandas, flores da moda em diversos segmentos: perfumes, cosméticos, aromatizadores, decoração etc.  Apesar de serem do mesmo gênero, as espécies têm características bem diferentes, e acredite: nem toda lavanda é calmante, ao contrário do que inúmeros comerciantes tentam vender. Algumas até tem moléculas que nos deixam mais alertas e eufóricos, como as lavandas que temos nos quintais e que estavam na rotatória do correio de Mafra antes da última enchente. Esta é a Lavanda dentata, muito bem adaptada ao nosso clima, possui crescimento vigoroso e floresce durante o ano todo. Quando esfregamos esta planta entre as mãos conseguimos identificar aromas que lembram cânfora, menta, alecrim. Isso se deve a presença das moléculas químicas que estão em maior quantidade nesta espécie: cineol, cânfora e fenchona. Mesmo sendo indicada como calmante por alguns profissionais, algumas pessoas relatam dificuldade para dormir, excitação mental e confusão após o uso recorrente do chá. No caso do óleo essencial o efeito é acentuado e não deve ser feito sem a orientação de um profissional capacitado. A Lavanda dentata é excelente para diminuir a congestão nasal, sintomas de sinusite, dores musculares e articulares. Veja a diferença de algumas espécies de Lavanda:

 

Lavandula angustifolia.

 

Lavandula dentata.

 

Lavandula stoechas.

 

Muitas pessoas buscam produtos para ansiedade e quando ouvem o adjetivo ″calmante″ acabam induzidos pela emoção para usar tudo o que é oferecido. Temos muitas opções disponíveis e mais seguras com o objetivo de acalmar, ajudar a dormir melhor e ter mais qualidade de vida! Para diminuir a ansiedade é importante traçar uma estratégia de rotina diária, selecionar produtos e plantas que realmente são seguros e podem te auxiliar. Busque informação segura e não acredite em tudo o que falam na internet! Se você tem plantas no quintal e não tem certeza de que planta é, clique aqui e envie fotos com boa definição das folhas, flores e planta inteira. Posso te auxiliar na identificação!

 

Um abraço com aroma de Lavanda!

 

Nota da autora

O uso das plantas descritas na medicina tradicional não substitui os medicamentos prescritos por médicos. Gestantes, crianças e pessoas com sensibilidade/alergia devem ter o cuidado de buscar informação acerca do uso. A identificação correta da planta é essencial para o uso seguro. Por fim, observe seu corpo e suas reações: cada indivíduo é único e reage de forma diversa aos compostos de cada planta.

 

A natureza oferece inúmeros benefícios, basta que saibamos usar com responsabilidade!

 

″Da terra o Senhor criou os remédios, o homem sensato não os despreza.″

(Eclo 38,4)