Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

Carta de vinhos: saiba como usar no seu restaurante

É função do restaurante oferecer opções diversificadas baseadas na harmonização e nos preços.

Foto: Divulgação

 

 

Durante a comemoração do Dia dos Namorados, muitos casais se debruçaram para encontrar um bom lugar para jantar. Alguns preferiram o aconchego de casa; outros, a comodidade, com um bom prato e uma boa bebida. E é sobre isso que vamos falar.

 

Porque alguns locais deixam a desejar na carta de vinho? E pior, no serviço.

 

Duas situações precisam ficar claras: uma boa carta de vinho não é composta por produtos caros, mas sim, adequados ao cardápio; e quantidade, não quer dizer qualidade.

 

Por experiência própria, também no Dia dos Namorados, me deparei com uma carta com aproximadamente 10 vinhos, mas só 5 estavam disponíveis. Se de um lado não é necessário ter muitos vinhos, de outro, o estabelecimento deve dispor todos os vinhos do cardápio.

 

É um erro simples, mas que precisa ser evitado. O outro ponto é que a qualidade dos vinhos precisa ser revisitada. Muitos vinhos selecionados são ruins, mas tido como bons, com preços que não correspondem com o que valem. Cito o velho e conhecido Cocha Y Toro Reservado. Fujam do reservado. Ele não significa qualidade. Eles correspondem a vinhos de entrada. Não que haja problemas nisso, mas o preço, com todo respeito deve corresponder com o que se está entregando.

 

Há tantas opções disponíveis no mercado, que podem contribuir positivamente para uma adega de um restaurante e que fogem desses superestimados vinhos. Obviamente haviam outros que compunham a adega, mas esse é o clássico, pois remete a desinformação, especialmente pelo marketing desvirtuado atrás da palavra “reservado”, que não deve ser confundido com “reserva”, que indica passagem de madeira.

 

Vinhos como citado, são bons para se beber no dia a dia, sem compromisso, pois no geral custam entre R$ 25 a R$ 35. Em uma adega de um restaurante, mantê-los com preços pelo triplo, pode ser uma escolha mal pensada.

 

Se a opção do restaurante é manter uma carta de vinho, é interessante tomar alguns cuidados para proporcionar ao cliente uma boa experiência. A harmonização é fator crucial nesse casamento. Para isso ser sucesso, tenha vinhos de variados preços e ofereça a harmonização no preço que o cliente pode pagar. Uma dica: não tenha medo de pedir ao garçom um vinho de limitado valor. É a casa que deve proporcionar as duas combinações: preço e harmonização.

 

Outro ponto que merece atenção é o treinamento dos profissionais. Alguns cuidados na abertura do vinho, são essenciais para o cliente. O momento ali é especial e o conjunto faz a obra. Se debruçar sobre o vinho tentando arrancar a rolha, não causa uma boa impressão. Deixar o cliente integrado, com uma boa apresentação, faz diferença.

 

Resumidamente, é função do restaurante: ter os vinhos que oferece na carta; oferecer opções diversificadas baseadas na harmonização e nos preços e, principalmente, conceder um serviço adequado com boa apresentação. São dicas que elevam a qualidade.