Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

Conheça o melhor vinho do Sudeste brasileiro

Com origem na Serra da Canastra, o Sacramentos Sabina Syrah foi eleito o melhor tinto brasileiro na edição de 2022 do guia chileno Descorchados.

Foto: Divulgação

 

 

Agora que você, leitor, já compreende um pouco mais sobre a pontuação do vinho, vamos falar de um em específico, eleito o melhor vinho do Sudeste e revelação em 2022 pelo guia chileno Descorchados: o Sacramentos Sabina Syrah, 2021, que obteve 93 pontos.

 

Poucos sabem, mas há outros lugares no Brasil que se destacam pela produção de vinhos, não se restringindo ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Podemos citar diversos outros, como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e, principalmente, o vale do São Francisco.

 

Engana-se quem acredita que o vinho só é bom em lugares frios. Pelo contrário, o vinho também precisa de calor e tempo de exposição ao sol, para conseguir madurar os seus frutos.

 

A Uva Syrah é um exemplo disso. Versátil e com boa capacidade de adaptação, a Syrah pode expressar diferentes características no aroma e no paladar, dependendo do terroir onde é cultivada, e também do objetivo do enólogo. Em sua maioria, gera vinhos de corpo médio a encorpado, com taninos perceptíveis, boa acidez, notas de frutas negras e pimenta.

 

Com origem marcada na França, no Vale do Rhône, é o cruzamento genético natural de duas uvas pouco conhecidas: Mondeuse Blanche e Dureza.

 

Essa variedade está espalhada em 190 mil hectares pelo mundo, sendo a França o país líder no cultivo, seguida pela Austrália. Aliás, é nesse país da Oceania que a variedade é emblemática. A Syrah australiana tem grafia e pronúncia própria, Shiraz. Embora os nomes sejam diferentes, Syrah e Shiraz são a mesma uva (possui outros nomes além de Shiraz como Sirac, Marsanne Noir, Entournerein, Sereno, Hermitage, Crozes-Hermitage, Cornas, Côte-Rôtie, St. Joseph).

 

Muito embora o clima da região da Serra da Canastra seja quente, o manejo para produção é invertido. A colheita acontece no inverno e não no verão. Com técnicas de poda, o processo de dormência da planta acontece em momentos diferentes e por isso, consegue-se uma boa qualidade da fruta. A maturação é mais lenta e as noites são relativamente frias.

 

Com esta uva, se conseguem duas produções, mas a primeira é descartada pela baixa qualidade. Após a poda é que se colhe a segunda, utilizando-a para vinificação.

 

O vinhedo que dá origem ao vinho Sabina Syrah, foi plantado em novembro de 2018 em solo argiloso, estando a 1100 metros de altitude. Com 100% de Uva Syrah, não possui passagem em madeira. A vinificação, ocorre em Caxias do Sul. Isso mesmo, colhe-se em Minas Gerais e com caminhões refrigerados, são enviadas a 1800 quilômetros para a continuidade do processo (naturalmente, isso reflete no preço).

 

Para o Descorchados, o Sacramentos Sabina Syrah é “um delicioso suco de frutas vermelhas; um vinho de sede, chefio de frutas e flores e com taninos muito macios”.

 

Enólogo responsável: Uruguaiano Alejandro Cardozo.