Cleber Odorizzi

Formado pela Associação de Sommelier de SC, o especialista fala do mundo dos vinhos, trazendo curiosidades, formas de cultivo de uvas e outras tendências.

Influência das taças na degustação dos vinhos

Algumas taças ajudam a aguçar ou diminuir os sabores e aromas do vinho.

 

 

Sabia que a taça pode alterar a avaliação sensorial? É sobre isso que devemos nos ater para poder extrair o melhor do vinho.

 

Muitos já se perguntaram se é melhor taça de cristal ou vidro? Apesar de ambas serem vidro, é natural que a taça de cristal, quanto mais fina e mais transparente, te dará a maior percepção dos aromas. Seja por ser mais leve e delicada, como por ser mais transparente, permitindo a análise visual com maiores detalhes. O vidro em si, é muito mais robusto.

 

Além das características do cristal, a sua composição permite deixar ele microporoso, que é imperceptível aos olhos. Essa condição permite que ao girar a taça, o líquido bata nas paredes, abrindo os aromas do vinho, quebrando as moléculas para volatilizarem.

 

Essa microporosidade é percebida geralmente quando há o depósito de sobra do vinho na taça. Ali percebe-se que o líquido fica aglutinado, pigmentado. A taça de vidro, por sua vez, possui bem menos porosidade.

 

Os principais formatos para taças são: Iso, Borgonha, Bordeaux, Vinho Branco e Espumantes. Cientificamente não há nada que comprove que o tamanho do bocal ou da taça, permita que sensações sejam criadas de forma diferente. No entanto, se prefere alguns estilos de vinhos com certas taças, pensando mais na cultura do vinho e nas experiências dos grandes profissionais da área.

 

A taça float, por exemplo, criada para espumantes, permite que a perlage (as borbulhas do vinho) sejam mais perceptíveis. Em contrapartida, atrapalha no sentido dos aromas. Bem por isso que os consumidores de champagne – que possui aroma geralmente mais intenso do que os espumantes – dão preferência a taças mais abertas, como é o caso das taças de vinho branco. E é também pensando nisso, que algumas taças de espumantes já não seguem mais a característica orginal float.

 

Outras taças têm sido desenvolvidas para que todos os sentidos sejam envolvidos. Algumas delas, explorando a base de forma mais arrojada, quase funcionando como um decanter. Isso permite maior contato do vinho com o oxigênio e maior volatilização das moléculas, para que os aromas cheguem via nasal, até o bulbo olfativo e depois, permitindo a via retronasal.

 

A taça permite que o vinho tenha contato com outras áreas de língua?

 

Por recentes estudos, essa pergunta é facilmente respondida. O mito do “mapa da língua”, que indica em quais pontos é possível sentir o salgado, azedo, doce, amargo, foi totalmente afastado. Pesquisadores voltados a áreas sensoriais, já apontaram que os estudos até então existentes, não eram os melhores (apesar de terem iniciado lá nos ido de 1900).

 

Portanto, considerando as novas recomendações, entende-se totalmente equivocado o mapa da língua e, consequentemente a influência das taças para jogar em um ou outro lugar da língua. A taça, apenas permitirá a quantidade de líquido que se jogará na boca. Simplesmente isso.

 

Claro que ainda haverá defensores, mas já se tem vários estudos sérios apontando que em qualquer ponto da boca é possível sentir qualquer aroma. O que difere de uma pessoa a outra é a quantidade de papilas gustativas que cada uma possui.

 

A taça é composta por bojo, haste, base e bocal. O modo correto de se pegar a taça, é pela haste. No bojo, o líquido poderá esquentar, alterando os aromas.