Luiz Gradiz

Especialista em administração de empresas, traz temas e provocações em torno do pensamento e do comportamento humano.

Não seja só mais um na prateleira!

O que você sente quando é comparado a um produto? Vamos pensar mais sobre isso?

Foto: Divulgação

 

 

Como assim, está querendo dizer que sou um produto? Que estou à venda em alguma prateleira? Como pode comparar uma pessoa com um produto?

 

Esses questionamentos passaram por sua cabeça? O que você sente quando é comparado a um produto? Vamos pensar mais sobre isso?

 

Desde o início da sociedade o homem aprendeu a realizar trocas com os mais próximos para sobreviver… o que sobrava na minha casa eu trocava com o que sobrava na casa do vizinho e assim surgiu o que chamamos de Escambo há milhares de anos.

 

Essa relação de troca evoluiu muito ao longo de todo esse tempo, surgiu a moeda, o dinheiro e, nos tempos atuais, até moedas digitais. Isso tudo você já sabe e não é novidade, mas o que isso tem a ver com os questionamentos no início desse texto?

 

A relação está ligada simplesmente a “troca”, uma palavra simples, mas que pode trazer uma complexidade muito grande na nossa vida, nas escolhas que fazemos e nos relacionamentos que construímos.

 

Desde o escambo, o homem estabeleceu relações comerciais com seus pares e o principal objetivo era conseguir benefícios nessas negociações, por vezes, a depender de quem, ou o que se negociava, um dos lados acabava saindo perdendo certo? Por muito tempo, vendedores que saiam ganhando vantagem em cima de seus clientes eram conhecidos como bons vendedores, acredita nisso? Já ouviu a expressão “Ele vende até gelo pra esquimó”? Para que um esquimó iria gastar seus recursos para comprar algo que já possuía, não faz o menor sentido não é mesmo?

 

Hoje sabemos que esse tipo de prática é cada vez mais difícil de se sustentar porque as pessoas buscam benefícios e sabem muito bem identificar quando não recebem o que foi prometido ao adquirir um bem ou serviço… para isso, as empresas estão muito preocupadas em oferecer o melhor possível, oferecer a melhor qualidade, o melhor atendimento, se preocupam sempre em evoluir e fazer com que seu cliente tenha a melhor experiência.

 

Se observarmos bem, as relações comerciais, onde trocamos produtos e/ou serviços por dinheiro, não é muito diferente das outras relações que temos na vida. No trabalho as empresas esperam que seus funcionários sejam produtivos e o trabalhador espera, no mínimo, que o salário caia na conta. Quando a troca não é justa ou a empresa desliga o funcionário ou o funcionário vai embora (pelo menos essa deveria ser a lógica) … quando você está em um relacionamento afetivo, você espera de seu parceiro e ele espera de você, se a “troca” não é justa, muitas vezes o relacionamento se acaba. Em todo relacionamento estamos esperando algo da outra parte e quando o que esperamos não acontece, ficamos frustrados. Olhar a vida sob esse aspecto, nos faz perceber com maior clareza porque estamos tão frustrados as vezes… há casos que depositamos esperanças em relacionamentos que a outra parte não pode entregar o que esperamos ou percebemos que a outra parte simplesmente não está tão preocupada assim com nossos desejos. Perceber isso, nos ajuda a tomar posturas mais assertivas, fazer com que possamos comunicar melhor ao outro os nossos anseios e alinhar as expectativas.

 

Claro que o título desse texto foi uma provocação e que nossas relações são bem mais complexas que simples produtos em uma prateleira, contudo, quando percebemos a importância da relação de troca justa nas relações, nos traz mais clareza sobre o que esperar e também sobre o que entregar. Perceber o que o outro espera de nós para não frustrar quem se relaciona conosco é muito importante… quando percebemos isso, entregamos até um pouco mais do que se espera, deixamos de “ser só mais um na prateleira”, nos destacamos e produzimos relações confiáveis, duradouras e de sucesso.

 

E você, o que tem feito para se destacar? O que você entrega de benefício nas suas relações? Quais qualidades que se destacam em você? Você tem usado essas qualidades em benefício de suas relações?

 

O que você fez, está fazendo ou irá fazer para não ser só mais um na prateleira?

 

Vamos pensar mais sobre isso?