Jéssica Machado

A psicóloga aborda saúde mental, autoestima, autoconhecimento, sexualidade e amor próprio.

Seja feita a “minha” vontade

A ditadura do “eu quero, porque sim” toma cada vez mais espaço na sociedade de consumo.

Foto: Divulgação

 

 

Quem nunca ouviu quando criança o famoso “na volta a gente compra”? Muitas vezes quando nos tornamos pais acabamos repetindo essa e muitas outras frases que ouvíamos de nossa mãe.

 

Hoje em dia as crianças fazem birra, xingam os pais e ainda ganham o desejado presente de Natal, sem se importar se os demais membros da família conseguirão ganhar algo também. A ditadura do “eu quero, porque sim” toma cada vez mais espaço na sociedade de consumo e a publicidade não perde tempo em acolher seus mais fiéis clientes: as crianças.

 

As crianças são as maiores incentivadoras do consumismo dentro dos lares brasileiros. Elas assistem a uma variedade de comerciais induzindo à compra de brinquedos, roupas, sapatos e por aí vai. Elas podem não saber ler, mas já conseguem identificar o logo do McDonalds.

 

Os pais de hoje por sua vez, acabam cedendo às vontades dos pequenos; afinal, quando crianças os pais deles não podiam nos dar tudo que sonhávamos, então vivem no pensamento que “precisam” trabalhar muito para garantir um futuro melhor para seus filhos e, consequentemente não têm tempo para brincar com eles. Sendo assim, começam a satisfazer seus desejos para vê-los felizes, sem saber que estão passando a falsa impressão de que sair às compras é sinônimo de alegria. Mas não se preocupem, a culpa não é somente de vocês, afinal, todos estamos inseridos numa sociedade capitalista.

 

A satisfação em encher o carrinho com compras é menos duradoura do que as diversas prestações do parcelamento dos bens de consumo adquiridos. Isso explica crianças insatisfeitas e “vazias” que sempre querem mais. O filme “Clube da Luta” de David Fincher ilustra esse tema com algumas colocações válidas: “Temos trabalhos que odiamos para comprar coisas que não precisamos”.

 

Assim, cada vez mais o Natal tem presentes e menos presença. A mídia continuará impondo o consumo, o comportamento de compra, no entanto, é isso que você quer passar para seus filhos? Retomar a tradição de conversar com os filhos é o maior presente, afinal, tudo que nossos filhos mais precisam é de amor e carinho.