Cinco catarinenses disputam governo do Estado em campanha curta e polarizada

Décio Lima, Esperidião Amin, Gean Loureiro, Jorginho Mello e Carlos Moisés comentam sobre o maior apoio e o pior obstáculo nessa campanha curta e polarizada pela disputa presidencial.

 

 

Dos 10 candidatos ao governo de Santa Catarina, cinco têm melhores condições de chegar ao segundo turno. A coluna Pelo Estado fez três perguntas a cada um dos candidatos que pontuam acima de dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Décio Lima (PT), Esperidião Amin (PP), Gean Loureiro (União Brasil), Jorginho Mello (PL) e Carlos Moisés (Republicanos) comentam sobre o maior apoio e o pior obstáculo nessa campanha curta e polarizada pela disputa presidencial. Juntos, apostam que dia 2 de outubro, pesarão nas urnas a democracia, a segurança, a qualidade, a comparação, a gratidão, a vida dos catarinenses, enfim!

 

 

“Sou o candidato oficial de Bolsonaro, mas não tenho ciúmes”.

 

Jorginho Mello (22), 66 anos, catarinense de Ibicaré, é candidato do PL ao governo com apoio de Jair Bolsonaro. Advogado, formou-se negociando as mensalidades com cheques pré-datados, por isso propõe o Programa Faculdade Gratuita a partir de junho de 2023. Segundo ele, serão destinados R$ 1,6 bilhão ao Sistema Acafe para financiar as mensalidades que serão ressarcidas com um ano de trabalho do formando. O recurso desonerará as famílias que poderão consumir mais no comércio local, raciocina o candidato.

 

Qual maior apoio que recebeu nessa campanha? O número 22 ajuda?

Do povo de Santa Catarina, das forças vivas da indústria, comércio, as microempresas, os empreendedores. Estou muito feliz pela acolhida, pela expectativa. Tenho serviço prestado nesse segmento, o Pronampe foi algo que me inseriu fortemente no setor de microempresas. O Pronampe salvou 750 mil empregos em Santa Catarina, 75 mil empresas não fecharam por causa do Pronampe. Tenho um mandato de senador exitoso: é política de resultados. Enquanto alguns fazem lei para dar nome de cidade de frio, eu faço Pronampe, faço Relp para salvar empresários com parcelamento de dívidas. Enfim, estou feliz e contente, minha campanha vai bem, em cima de muito trabalho. Sou do partido do presidente e sou candidato dele em Santa Catarina. Outros desejam ser candidato dele e eu não tenho ciúmes. Só faltava votar para o Lula (risos). Então, quem quiser apoiar o presidente Bolsonaro, pode apoiar, sem problema nenhum, eu sou o candidato oficial, o único candidato para quem ele gravou vídeo, não é vídeo requentado lá detrás, do tempo que era deputado federal, como os outros candidatos estão apresentando. Eu sou candidato dele, eu e o Seif ao Senado. Santa Catarina é um Estado bolsonarista, é conservador, em todas as pesquisas ele faz não menos de 60%. Estamos bem, em cima do nosso trabalho, e também desse apoio que nos ajuda.

 

E a maior dificuldade enfrentada? O PL saiu sozinho.

Está muito melhor do que fazer uma penca de gente interessada em emprego, em boquinha ou carguinho. A minha maior coligação é com o 22, o presidente veio para o meu partido, a maior coligação é com Santa Catarina, é chegar fazendo. A chapa pura não é por arrogância, nada disso, eu conversei com todos os partidos, mas cada partido acha que é dono de Santa Catarina. Então, conversei com presidente e ele disse: Jorginho, vai sozinho, vai sozinho que é melhor, enfim, está tudo certo, consegui uma vice de Joinville, uma mulher querida, é delegada, advogada, professora, mãe, está me ajudando uma barbaridade lá no Norte.

 

O que vai pesar para eleitor na hora do voto?

Vai pesar a segurança, a democracia, ladrão não assumir governo, brasilidade, esperança, expectativa, meu projeto de faculdade gratuita é para elevar SC. Vou fazer curso de qualificação profissional em parceria com Sistema S, com Acafe, com o governo, para qualificar mão de obra, para que empresários não precisem buscar gente lá fora para trabalhar. Hoje isso é uma constante. E a universidade, para que o catarinense faça a universidade do seu sonho, não aquela que possa pagar, que o vô possa pagar, que a mãe ou o padrinho, desesperadamente, possam pagar. Hoje se passar em Medicina e não for na Federal, em vez de notícia boa é um velório na casa. Eu vou investir e depois o aluno vai pagar em trabalho, vai trabalhar durante um ano, quatro horas por dia, naquilo em que se formou. Vai ser uma revolução em Santa Catarina.

 

 

“População quer mudança com experiência e qualidade”.

 

Gean Loureiro (44), 49 anos, catarinense da Capital, é candidato a governador de SC pela coligacão Bora Trabalhar!, composta pelo União Brasil, PSD e Patriota. Casado com Cíntia de Queiroz Loureiro e pai de quatro filhas, é formado em Direito pela Ufsc, Administração pela Univali e mestre em Engenharia de Produção pela Ufsc. Iniciou sua carreira na política em 1992, aos 19 anos, quando se elegeu vereador, sendo até hoje o político mais jovem a ocupar o cargo na Capital. Foi vereador por cinco mandatos e, em 2011, assumiu como deputado federal. Em 2013, assumiu a presidência da Fatma, onde ficou até 2014, quando se elegeu deputado estadual. Na disputa para a Prefeitura de Florianópolis, em 2016, Gean se elegeu no segundo turno. Seu primeiro mandato foi marcado por tirar do papel importantes obras, como uma nova UPA no Continente, novo Largo da Alfândega, o alargamento da praia de Canasvieiras e o elevado do Rio Tavares. Em 2020, conquistou 53,46% dos votos, sendo reeleito em primeiro turno. Gean deixou a Prefeitura da Capital com mais de 80% de aprovação.

 

Qual maior apoio que recebeu nessa campanha?

O sentimento da população da necessidade de mudança do governo atual, mas uma mudança com experiência e qualidade. População vem sentindo nos programas uma verdade e uma capacidade de trabalho e isso vem me motivando. Acho que esse é o maior apoio para chegar ao segundo turno.

 

E a maior dificuldade?

A principal dificuldade ainda é vencer o desconhecimento. Sou um candidato que ainda não chegou a todas as regiões, dos cinco candidatos principais sou o único que ainda não havia disputado eleição majoritária estadual. Mas a campanha muito intensa, em todas as regiões, a forte militância e uma boa campanha de TV e rádio vêm ajudando a superar esse desafio.

 

O que vai pesar para eleitor na hora do voto?

O que vai pesar é a qualidade do candidato, as propostas, e se realmente for por esse caminho, temos uma grande vantagem.

 

 

“Quero comparação, votar em número não foi bom para SC”.

 

Esperidião Amin (11), 74 anos, catarinense de Florianópolis, é candidato a governador pela coligação Experiência para servir Santa Catarina formada pelo PP, único partido a que pertenceu, PTB e Federação PSDB Cidadania.  Formou-se em Administração pela Esag/Udesc aos 22 anos, quando começou a trabalhar na Secretaria Estadual de Educação e Cultura. Um ano depois formou-se em Direito pela Ufsc. Aos 27 anos, tornou-se prefeito da Capital, aos 30 foi eleito deputado federal e aos 34 governador. Voltou a ser prefeito de Florianópolis ao vencer, em 1989, as primeiras eleições pós-regime militar. Exerceu mandato de senador entre 1991 e 1998, voltou a ser governador entre 1999 e 2002. Perdeu duas eleições nos anos 2000, elegeu-se duas vezes deputado federal em 2010 e 2014 e mais uma vez senador em 2018. Tem dito que esta campanha é uma festa, do ponto de vista espiritual, e adora quando é tratado com intimidade e pertencimento pelos catarinenses.

 

Qual maior apoio que recebeu nessa campanha?

O que mais tem me ajudado nessa campanha é quando a pessoa tem notícia de mim ou me conhece e mostra intimidade. Em visita a shopping de Blumenau, fui apresentado a uma mulher que gravei a fisionomia, mas infelizmente não o nome, uma ‘alemoa’, ela olhou pra mim e disse: conheço, é o “nosso” Amin. Em alemão, ich bin gemeinschaft, eu sou da casa, eu sou da comunidade. Isso me emociona, porque ela tem notícia sobre mim desde criança, quando viveu a enchente. Se a pessoa se expressa assim, de forma serena, não precisa dizer nada: a pessoa lhe considera parte do seu convívio. Até as pessoas que reclamam, às vezes, não são tão intransigentes comigo, porque reconhecem que alguma coisa certa eu fiz. Do ponto de vista espiritual, da alma, tem sido uma festa!

 

E a maior dificuldade?

Nunca houve tanto partido cooptado, a começar pelo MDB. O MDB foi abduzido e não foram marcianos, foi abduzido pelo governo, como foram abduzidos prefeitos do meu partido. Nunca houve um ataque tão sistêmico à estrutura partidária do Estado. Que até não é nenhuma estrutura…, mas é a melhorzinha, d  o país é das melhores, junto com Rio Grande. Estamos fazendo uma reforma política gradual. A cláusula de desempenho e a proibição da coligação nas proporcionais vão afunilar o número de partidos; as federações e as fusões vão acontecer. A reforma política está em curso, talvez este abalo, esse processo de cooptação, faça parte de um processo de aperfeiçoamento. Pode ser uma crise disruptiva, de criação e destruição criativa. A expressão disrupção é de 1930, criada pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, para quem o que move o capitalismo é a destruição criativa na política.

 

O que vai pesar para eleitor na hora do voto?

O que eu quero é que seja a comparação e que não se repita votar num número. Não foi bom para o Estado. Há os quem querem se aproveitar do número, até têm o direito de fazer isso, mas não foi bom para o Estado votar no 17 e 17. Eles se desentenderam, os partidos se desmilinguiram, e aqui em SC governador foi refém de dois processos de impeachment, dois afastamentos, e no fim, entregou o governo. Com todas as consequências.

 

 

“SC mostrou que caminha com amor e solidariedade”.

 

Décio Lima (13), 61 anos, catarinense de Itajaí, é candidato a governador de Santa Catarina pela Frente Democrática, coligação formada pela Federação Brasil da Esperança, formada pelo PT, PCdoB e PV, mais PSB e Solidariedade. Vereador e prefeito reeleito em Blumenau na década de 1990, três vezes deputado federal, superintendente do Porto de Itajaí, o advogado e professor Décio Lima é o único candidato alinhado a Luiz Inácio Lula da Silva em SC. Casado com a deputada Ana Paula Lima, três filhos, um deles adotivo, cinco netos, fundador do PT no Estado, Décio é como se fosse da família do ex-presidente Lula.

 

Qual maior apoio que recebeu nessa campanha?

Eu tenho lado: construir os caminhos de esperança. Um lado que se manifesta com indignação ao que o Brasil está vivendo, como o retorno de 33 milhões de pessoas ao mapa da fome e a redução dos direitos da grande maioria, principalmente dos trabalhadores. O país pisava para ser a quinta economia do mundo e hoje, para ser a décima terceira. Represento uma causa de esperança, porque esse diagnóstico também tocou o povo de Santa Catarina. Nunca vivi momento como esse. Para quem disputou as eleições em 2018, viveu aquela situação em que ninguém queria me ouvir, nos trataram com agressões, foi uma campanha em que praticamente não saímos à rua, estar vivendo o que estamos vivendo hoje! Com o acontecimento realizado no domingo, dia 18, de tantos, mas esse é marcante, que se traduz no maior evento da história de Santa Catarina. Nunca teve outro, eu estive presente na Novembrada, em 1979, um menino, estava ali me rebelando contra a ditadura do Figueiredo, mas o que ocorreu na Praça Tancredo Neves é uma vitória extraordinária. SC mostrou ao Brasil ter um povo que também caminha com os nossos valores, do amor, da solidariedade, da inclusão, de novamente retomar a esperança. Sinto isso todo dia, no abraço, na palavra dita ao ouvido por pessoas, geralmente as mais simples. As pessoas se manifestam com timidez, porque são pessoas boas e não querem ser agredidas. Depois de percorrer 230 municípios e chegar quase ao final dessa jornada, sinto orgulho muito grande de ter participado dessa luta que é retomar ao Brasil a esperança e a democracia. Tenho plena convicção que vamos ao segundo turno das eleições ao governo.

 

E a maior dificuldade?

A dificuldade é aquilo que, de forma muito triste, tomou conta de parte do povo brasileiro e do povo de Santa Catarina. Sempre tenho na memória o registro dos campos de concentração que mataram 6 milhões de seres humanos. Por que aquilo aconteceu? Porque alguém foi eleito e alguém fez um discurso, de raça pura, de ódio, de negação da ciência. Fico muito triste porque pensei que a história da humanidade não viveria mais isto. Essas são as dificuldades, pessoas boas, sérias, às vezes tomadas por esses valores que nunca construíram nada. Mesmo assim, trago comigo uma certeza: o ódio é efêmero, é cruel, mas não dura muito porque não resolve os problemas da vida e dos seres humanos. Então, nunca vai me faltar a esperança. Pra nós nunca foi fácil, porque somos as mulheres, as negras, somos os sem terra, os sem teto, somos a miséria e a fome, nunca foi fácil pra nós. Nossa luta sempre foi muito desigual, porque é a luta dos pobres. Mas sou um cara muito feliz, porque tenho consciência que estive sempre do lado certo da história. Isso me traz felicidade.

 

O que vai pesar para eleitor na hora do voto?

A vida! A análise da vida. Não é uma eleição qualquer, as pessoas não querem um futuro incerto, por isso não deu a terceira via. As pessoas abominam o presente, estão com saudades do passado e o passado é Lula. Espero que os que vão votar no Lula em Santa Catarina escolham o governador do Lula. Tenho certeza que isso está colocado para Santa Catarina.

 

 

“Nosso governo é o mais municipalista da história do Brasil”.

 

Carlos Moisés (10), 55 anos, catarinense de Florianópolis, é candidato à reeleição para governador pela Coligação Santa Catarina em primeiro lugar formada pelo Republicanos, MDB, Podemos, PSC, Avante, Pros e DC. Morou por 30 anos em Tubarão, onde exerceu a maior parte da carreira de oficial do Corpo de Bombeiros Militar. Também é advogado, mestre em Direito Constitucional e professor universitário. Em 2018, tornou-se o governador mais votado da história de Santa Catarina, eleito com 2.644.179 votos no segundo turno. É casado com a professora Késia Martins da Silva, com quem tem duas filhas: Raíssa e Sarah. Também é tutor da Sofia, a cadelinha adotada pela família, que faz companhia nas horas de lazer e até pode ser vista em algumas agendas de trabalho vez ou outra. No governo do Estado, enfrentou a pandemia e duas tentativas de impeachment. Foi absolvido nos dois processos e Santa Catarina, apesar das perdas, teve o menor índice de letalidade da Covid-19 e a menor taxa de desemprego do Brasil.

 

Qual maior apoio que recebeu nessa campanha?

Das pessoas, elas nos reconhecem e têm gratidão. Ando na rua e percebo, as pessoas dizem, olha governador, o senhor merece mais quatro anos, enfrentou a pandemia com melhor resultado do país. É algo que traz desgaste para qualquer governante. É um governo sem precedentes, não tem comparativo. Estou muito satisfeito. As pessoas entenderam o que houve em Santa Catarina, no mundo e no Brasil e o nosso papel, acreditando na ciência, protegendo as pessoas e, mesmo contra tudo e contra todos, tendo o melhor resultado do Brasil. Isso, pra mim, já valeu o mandato, mas fomos muito além. O apoio das pessoas está sendo fundamental e destacaria também os prefeitos e prefeitas. Estes, de forma política e ativa, estão trabalhando conosco, no dia a dia, para angariar votos, porque perceberam que nosso governo é o mais municipalista da história deste Estado e do Brasil. Foram R$ 6 bilhões em investimentos, de forma voluntária, nos municípios catarinenses.

 

E a maior dificuldade?

Notícias falsas. O candidato oponente, o senador (Jorginho Mello) coloca que o governo federal em parceria com governo do Estado quer pedagiar rodovias. É uma empresa pública federal que faz os seus estudos para verificar as possíveis parcerias nos estados, mas no meu governo não autorizarei concessão de rodovias estaduais. Diferentemente da fala desse candidato, que defendeu o pedágio. Ele disse para vários veículos que vai pedagiar as rodovias, o que penalizaria o catarinense duas vezes. Estamos investindo na infraestrutura com dinheiro público, que é do contribuinte catarinense, e depois ainda cobraria pedágio dos catarinenses? A mentira e a falsidade não compensam. Temos um cachorrinho com a perna bem curtinha e o apelidamos de mentirinha. A mentira tem perna curta e vemos isso acontecer. Clamo às pessoas para nos seguir nos canais, ouvir a imprensa responsável, que tem CNPJ, porque estes vão falar a verdade.

 

O que vai pesar para eleitor na hora do voto?

Acredito que tudo o que fizemos, para além da pandemia, os investimentos em saúde, cinco novos hospitais estão sendo viabilizados em Santa Catarina, investimentos recordes em infraestrutura. Até o Dnit reconhece que as obras federais só avançam com recursos dos catarinenses. Então, será a gratidão, se as pessoas olharem o resultado do nosso trabalho, mesmo tendo sido um governo que passou pela pandemia, que foi afastado injustamente duas vezes, sofrendo perseguição política por ter acabado com cabides de empregos e com a corrupção nos contratos públicos. O conjunto da obra será colocado na balança. E se os catarinenses efetivamente compararem, vão escolher o governador Moisés, vão votar no 10, dia 2 de outubro.

 

Com informações da coluna Pelo Estado.