Como os cuidados paliativos podem ajudar pacientes com doenças irreversíveis

Segundo a médica Renata Stoeberl, o acolhimento e o apoio emocional são essenciais para a qualidade de vida destes pacientes.

 

 

O cuidado paliativo, embora um conceito relativamente recente no Brasil, é uma área médica de extrema importância que visa proporcionar qualidade de vida e conforto a pacientes com doenças graves ou crônicas, sem possibilidade de reversão ou cura. Em entrevista exclusiva ao Riomafra Mix, a médica paliativista Renata Stoeberl falou sobre a importância deste acompanhamento para os pacientes e seus familiares.

 

Segundo a profissional, os cuidados paliativos são amplos e não se restringem apenas aos pacientes em estágios terminais. “Esses cuidados podem abranger uma ampla gama de condições médicas como câncer, demência, insuficiência cardíaca e pulmonar, esclerose lateral amiotrófica e outras doenças neurológicas graves”, especifica.

 

A especialidade não é abraçada por todos os profissionais da saúde, pois lidar com pacientes com doenças graves ou em estágio terminal é emocionalmente desafiador. “No decorrer da nossa vida profissional, a gente entende que muitas doenças não são passíveis de cura. Ainda assim, esses pacientes precisam ser acompanhados e continuar tendo qualidade de vida. Lidar com dores, angústias e medos não é fácil, assim como não é fácil receber um diagnóstico irreversível. Nesse contexto, o papel do profissional é crucial para proporcionar acolhimento e dignidade ao paciente até o fim de sua vida”, destaca Renata.

 

De acordo com a profissional, a empatia é um componente fundamental para ajudar os pacientes em estado paliativo. “Nunca sabemos como o paciente vai encarar aquele diagnóstico. Há pessoas muito altruístas, que conseguem absorver a informação e tocar a vida como podem, enquanto outros não conseguem administrar muito bem o diagnóstico e precisam de um amparo muito maior. De forma empática, cabe ao profissional entender que cada pessoa funciona de um jeito e encontrar maneiras de ajudá-los a lidar com a situação da melhor forma possível”, explica.

 

A médica enfatiza que o cuidado paliativo pode começa logo após o diagnóstico e não apenas em estágios terminais. “A maioria das pessoas acaba procurando este cuidado quando já estão bastante debilitadas ou acamadas. O ideal é começar o acompanhamento após o diagnóstico. Desta forma, o paciente conseguirá lidar melhor com os sintomas, as angústias e medos que surgem desde o estágio inicial da doença”, explica.

 

Para a médica, a família é essencial para auxiliar o paciente e reduzir os impactos de que estas doenças podem causar. “A família não apenas oferece suporte emocional e prático, mas também desempenha um papel crucial na promoção da qualidade de vida do paciente. A presença constante dos familiares proporciona conforto, alivia sentimentos de solidão e cria um ambiente de compreensão, carinho e encorajamento. Além disso, ninguém quer passar o final de sua vida sozinho”, pontua.

 

A médica destaca ainda que, em muitos casos de doenças graves, os pacientes enfrentam não apenas desafios físicos, mas também emocionais e espirituais. “A espiritualidade pode ser uma fonte de força e conforto para os pacientes e suas famílias, ajudando-os a encontrar significado e propósito mesmo em meio à adversidade. Muitas vezes, no fim da vida, as pessoas começam a repensar atitudes e a valorizar as pequenas coisas que antes passavam despercebidas”, conta.

 

Para Renata, é gratificante proporcionar aos pacientes paliativos momentos especiais e ajudá-los a enfrentar a situação da melhor forma possível. “Apesar de ser angustiante, é bonito poder acolher as pessoas e provocar algumas reflexões, que apesar da doença e da dor, ela ainda pode vivenciar experiências novas, ter momentos de união com a família e fortalecer laços. Há muita vida para se viver desde o diagnóstico até a morte“, expressa a médica, reiterando que, mesmo nos momentos mais difíceis, a vida pode ser repleta de significado e felicidade.