“A situação econômica que recebemos ao assumir a gestão foi o maior desafio”, afirma vice-governadora

Marilisa Boehm fez um balanço de sua trajetória e da atual situação de Santa Catarina.

Foto: Divulgação

 

 

Marilisa Boehm é a figura feminina do mais alto escalão do Governo do Estado. Militante da causa, foi responsável pela fundação da primeira Delegacia da Mulher, em Joinville, participou ativamente na criação da casa “Viva Rosa”, para abrigamento de mulheres vítimas de violência, bem como do Protocolo de Atendimento as Pessoas Vítimas de Violência Sexual, serviço de grande importância para evitar a revitimização de quem sofreu crimes sexuais no Estado.

 

Mas, além de lutar pela causa da mulher, Marilisa está acompanhando e contribuindo ativamente com a gestão do Governador Jorginho Mello. Recentemente, representou o Estado em uma reunião em Brasília, cuja finalidade era discutir os principais pontos da Reforma Tributária e os impactos dela para os estados e acompanhou o Ministro Renan Filho em visita às obras nas rodovias catarinenses.

 

Agora, fechando os primeiros seis meses de gestão do atual governo, Marilisa faz para a Pelo Estado Entrevista, um balanço da sua trajetória, das suas lutas e da atual situação de Santa Catarina.

 

A senhora foi pioneira em muitas atividades no Estado. Criou a primeira delegacia da mulher de Joinville e foi a primeira delegada regional, na maior cidade do Estado. Hoje, é a vice-governadora de Santa Catarina. Quando e como sentiu essa necessidade de entrar na vida política?

Durante toda a minha carreira como delegada da Polícia Civil eu vi de perto os mais variados problemas da sociedade, incluindo a questão da violência doméstica. Uma situação que, diante da experiência cotidiana, sempre tive certeza de que é algo diretamente ligado à questão social. Como delegada, vi inúmeros casos do homem desempregado, que tentava eliminar a frustração consumindo bebida alcoólica. Ao chegar em casa alcoolizado e sem o dinheiro para os alimentos, ao ouvir a mulher questionar, acabava agredindo a companheira e, muitas vezes, até seus filhos. Perdi as contas de quantas vezes citei o problema para políticos, associação comercial, Ministério Público. Sempre fui aplaudida, mas nada era feito. Aí, percebi que era preciso mudar a estratégia, eu precisava entrar na política para enfrentar o problema.

 

A representatividade feminina é uma marca da atual gestão do Governo Catarinense. A que a senhora atribui esse protagonismo da mulher no Governo?

São dois fatores centrais. Um é que há tempos as mulheres têm se preparado, estudado, conseguido mostrar com muita competência que podem fazer o que desejarem, em qualquer área do conhecimento humano. Não para competir com os homens, mas para trabalhar de igual para igual, para melhorar o mundo. O segundo é a visão que o nosso governador Jorginho Mello tem disso, de que Santa Catarina conta com mulheres e homens preparados para trabalhar pelo Estado e pelo Brasil. Não foi uma decisão partidária ou eleitoreira, é a visão de um estadista.

 

Nos primeiros sete meses deste ano, 31 mulheres perderam a vida em Santa Catarina, vítimas de feminicídio, número 34% maior que no mesmo período do ano passado. Na sua opinião, quais seriam as saídas para provocar uma mudança neste cenário?

Esse é um problema que, infelizmente, acontece em todo o Brasil. As motivações são múltiplas, incluindo questões sociais e até culturais. O básico é a participação de todos, denunciando, acionando a polícia. Tanto as vítimas quanto seus familiares, amigos ou vizinhos. Outro lado é a sensibilização dos agressores, por meio de grupos reflexivos, como já acontece em vários municípios com resultados ótimos, de baixos índices de reincidência. É algo que coloquei em prática em Joinville ainda na década de 1990 e deu certo. Outra ação fundamental é a estadualização do projeto “OAB por elas”, que iniciou em Balneário Camboriú em 2018, e cujo objetivo é oferecer amparo gratuito às vítimas, por advogadas e advogados voluntários. Um trabalho realizado em uma parceria vitoriosa entre a Polícia Civil, a OAB e o Poder Judiciário. O Governo do Estado também atua com investimentos na área de segurança. Neste ano, por decisão do governador Jorginho Mello, foram lançados editais de concursos públicos para as polícias Militar e Civil, além de chamamento de soldados e cadetes aprovados em concurso público do Corpo de Bombeiros Militar. Além disso, no primeiro quadrimestre, o Estado já investiu R$ 86 milhões em equipamentos e infraestrutura para a Segurança, incluindo a Polícia Civil, PM, Bombeiros e Polícia Científica.

 

Sobre os primeiros seis meses de gestão no Governo de Santa Catarina. Qual balanço que a senhora faz?

Foi um semestre de muito trabalho, mas muito positivo. Mantivemos, sob a liderança do governador Jorginho, a conexão constante com os poderes Legislativo e Judiciário, o contato permanente com os municípios e a população. Também iniciamos o enfrentamento da histórica e trágica fila de cirurgias eletivas, em um brilhante trabalho liderado pela Secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto. Até 30 de janeiro eram, desde 2017, 105.340 pessoas aguardando uma cirurgia. Algo impensável e que precisava ser corrigido pois, sem saúde, as pessoas não podem trabalhar e viver em paz com suas famílias. Também conhecemos a realidade financeira do Estado e implantamos o Plano de Ajuste Fiscal de Santa Catarina (PAFISC), para termos o equilíbrio das contas públicas, em um trabalho realizado pela equipe do secretário da Fazenda, Cleverson Siewert e pelo Grupo Gestor de Governo. Uma ação voltada para o controle de gastos que gera economia e propicia a continuidade viável dos investimentos que nosso Estado necessita.

 

Quais foram os maiores desafios do governo?

Creio que a situação econômica que recebemos ao assumirmos a gestão do Estado, com um déficit de R$ 2,8 bilhões, foi o maior desafio. Algo que obrigou, como citei, a necessidade de implantarmos o PAFISC.

 

Quais serão os pontos de maior atenção para os próximos meses?

Todas as áreas exigem atenção, então vamos dar continuidade no que já iniciamos, procurando avançar mais. E há também temas como o novo Plano Aeroviário do Estado, recém-lançado, as bolsas de estudo do projeto Universidade Gratuita, que está em andamento na Assembleia Legislativa, e o investimento de R$ 1,3 bilhão que vem sendo feito na pavimentação e recuperação de rodovias estaduais.

 

A senhora participou da comitiva que acompanhou o Ministro Renan Filho a algumas obras nas rodovias federais do Estado. Qual a sua avaliação sobre as obras vistoriadas e o balanço que faz sobre a visita? Quais seriam os pontos prioritários a se trabalhar neste setor da infraestrutura?

O Contorno Viário da Grande Florianópolis, que deveria estar pronto em 2012, tem 80% das obras concluídas e o Governo Federal promete entregar até o final deste ano. Isso e a garantia, por parte do ministro, de que há recursos para trechos na BR-470 e BR-163, além de mais investimentos em Santa Catarina nos próximos três anos, obviamente, asseguram um balanço positivo da visita dele. Nos demais pontos que estivemos, as obras estão em andamento. Então, o fato é que a manutenção destes investimentos é prioritária, pois somos um dos Estados que, historicamente, mais contribui com a arrecadação federal e os catarinenses não podem continuar sem a devida atenção de Brasília.

 

Com informações da coluna Pelo Estado.