“O jornal impresso ainda é o veículo que está onde as comunidades demandam suas necessidades”, diz Deschamps

Qual o futuro do jornal impresso? Para responder a essa premissa o Riomafra Mix recebeu o presidente da Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina (Adjori/SC) e diretor do Jornal Metas, de Gaspar, José Roberto Deschamps. Para o empresário, o jornal impresso é o porta voz do cidadão, é também, um formador de opinião por excelência, e seu segredo está no seu conteúdo local.

Como o senhor vê o futuro do jornal impresso, em especial os jornais do interior?

O jornal do interior ainda é o veículo que está onde as comunidades demandam suas necessidades. O jornal é o porta voz do cidadão e é um formador de opinião. Produzir conteúdo local está no DNA do jornal do interior. Quando uma empresa jornalística investe nesse conteúdo tem mais chances de fidelizar leitores, fortalecer o relacionamento com a comunidade e garantir conteúdos mais interessantes e que sejam identificados com as pessoas da localidade.

Por tudo isso o jornal impresso ainda tem um grande caminho a ser percorrido. É nele que a população procura a verdade porque confia no que lê de forma tangível. O conteúdo continua a ser o principal atrativo de um jornal local, por isso investir em profissionais com credibilidade e que falam a mesma língua da coletividade é ‘receita’ de garantia de sucesso e de permanência no mercado.

Em tese, o que pode tirar a vida do impresso é o custo do papel e a logística necessária para que as edições circulem. Notícia de boa qualidade sempre terá seu público!

Quais mudanças ainda o mercado vai exigir dos jornais impressos?

Essas mudanças já vêm acontecendo faz anos. Adequar-se ao tempo e a cada público são tarefas necessárias e estratégicas para garantir um bom lugar. Identificar a diferenciação de posicionamento, de target, compreender a subjetividade do mindset do público, indicam opiniões capazes de afetar escolhas que determinam como as pessoas se comportam perante as situações da vida e fazem suas escolhas.

É primordial participar da idealização de novas possibilidades em conjunto com os habitantes e com o setor empresarial de sua região de atuação. Afinal, o mercado está a todo momento oferecendo oportunidades para novos investimentos. Na medida em que seu negócio está organizado e tem ações coordenadas com parceiros comerciais, e quando o parceiro observa que o produto dele chega ao consumidor e agrega valor à marca, a questão financeira torna-se algo menor a ser conquistado. Seu cliente parceiro passa a ver seu veículo como mais um meio de trabalhar seus produtos, sua marca e fazer negócios vantajosos.

Portanto, as exigências são amplas e as estratégias vão depender do planejamento de cada negócio e de seu fortalecimento e reconhecimento junto ao público leitor.

O número de assinantes tem caído drasticamente, a distribuição do jornal gratuito com foco no anunciante, será uma solução?

O número de assinantes tem caído numa determinada faixa de público, enquanto é constante em outra. Quanto mais jovem, mais ‘desenhado’ está o público para as versões on-line, que exige menos conteúdo escrito, mais interativo, mais ilustrado e imediatista. O público 40 anos + tem sua identificação ainda muito forte com o impresso. Ele, o leitor, ‘garante’ a veracidade do que viu no on-line pelo impresso. No impresso ele aprofunda as informações e reconhece princípios iguais aos seus, o que lhe dá certeza de idoneidade na multiplicação da informação.

Adequar seu veículo impresso comercialmente ao público leitor é o primeiro passo na busca de resultados para o investidor em publicidade no seu jornal. A publicidade faz parte das nossas vidas. Está nas ruas, nos shoppings, dentro das nossas casas, no jornal, na revista, no celular, na internet. Para onde você olhar, ela está. Conceitualmente, publicidade é a estratégia que envolve a compra de espaço em um veículo de mídia para divulgar um produto, serviço ou marca, com o objetivo de atingir o público-alvo da empresa e incentivá-lo a comprar. Portanto, publicidade também pode ser compreendida como um reflexo da sociedade da sua época, pois reproduz os comportamentos e valores vigentes. Digo isso porque a decadência no número de assinantes é uma bússola para que a empresa jornalística busque adequação do seu veículo ao seu público e consequentemente adequação no perfil da publicidade a ser oferecida.