Bombeiros da reserva recordam primeiros dias da corporação

Nesta quinta-feira (12), o Corpo de Bombeiros de Mafra está completando 45 anos de fundação. O quartel em Mafra é

Nesta quinta-feira (12), o Corpo de Bombeiros de Mafra está completando 45 anos de fundação. O quartel em Mafra é o segundo mais antigo do Planalto Norte e, nos primeiros anos de atividades, atendia todas as cidades da região.

A data alusiva ao aniversário da Organização Bombeiro Militar será celebrada nesta quarta-feira (11), em uma cerimônia que contará com a presença do Comandante Geral da Corporação, coronel Charles Alexandre Vieira.

Na época de inauguração da estação de bombeiros em Mafra, a corporação local contava com 25 profissionais, que atuavam essencialmente no atendimento a incêndios. Na última terça-feira (3) a redação do Riomafra Mix acompanhou dois dos primeiros militares que estiveram em serviço nos dois primeiros dias de operações – o subtenente Waldemiro Camargo e 2º tenente Julio Pereira.

Iguais na coragem

O subtenente Waldemiro Camargo está aposentado há 18 anos e, durante a visita ao pelotão mafrense, pôde conferir o primeiro livro de registros de ocorrências do dia, redigido por ele no dia 14 de março de 1975. Ele conta que na época da inauguração, os primeiros militares vieram em caráter temporário de Florianópolis para assumir o serviço em Mafra. “Eu tinha 22 anos e não pretendia residir em Mafra, mas acabei casando e formando minha família aqui”, recorda.

O tenente Julio Pereira também veio à Mafra provisoriamente, mas construiu sua vida na cidade. “No começo das atividades era tudo muito diferente. Nosso trabalho se resumia ao combate a incêndios, em especial às estufas de fumo, que eram o tipo de ocorrência mais frequente. Tínhamos apenas um caminhão Auto Bomba Tanque”, conta.

Uma das maiores dificuldades da época era o atendimento dos incêndios que, além de serem constantes, tinham de ser atendidos pelos militares mafrenses em diversas cidades do Planalto Norte. Ainda antes da inauguração da organização em Mafra, em fevereiro de 1975, um incêndio de grandes proporções destruiu a Federação das Cooperativas de Produtores de Mate de Santa Catarina em Mafra.

Já a primeira ocorrência atendida após a criação do Pelotão em Mafra impediu a ocorrência de um incêndio. No dia 19 de abril, uma residência que apresentava curto circuito na rede elétrica foi atendida pelos bombeiros, mas não houve necessidade de intervenção.

“Antigamente, a corporação contava com um grande número de militares, que atendiam toda a região. Mas em casos de incêndio, por exemplo, se a ocorrência era em outra cidade, não havia muito que fazer. Hoje, temos menos pessoal em cada unidade, porém mais unidades em diversas cidades do estado”, explica o comandante do 2º Pelotão de Bombeiros de Mafra, Maicon Eder Motelievicz.

Atualmente o pelotão conta com um efetivo de 26 bombeiros militares e 48 bombeiros comunitários, que auxiliam não só na prevenção e combate ao incêndio, mas também nas diversas atividades de atendimento a emergências auxílio à comunidade.

Pereira conta que após os primeiros anos da corporação em Mafra, o Grupamento chegou a contar com 80 militares efetivos. “Havia em média 13 pessoas de serviço todos os dias, e cada um deles especializado em uma única função. Hoje vemos menos pessoal na escala, e todos com múltiplas tarefas”, explica.

Segundo Camargo, outra diferença dos primeiros atendimentos para os dias atuais diz respeito a estrutura e tecnologia da época. “Em caso de acidente, o trabalho de retirada de uma vítima de escombros ou ferragens era muito difícil”.

Pereira concorda e recorda das dificuldades da realização de um salvamento na época. “Atendemos um acidente em Campo do Tenente em que um homem e uma mulher morreram dentro de um caminhão. Era muito difícil tirar as vítimas do veículo destruído e, quando pensávamos que não havia mais sobreviventes, percebemos uma criança erguendo a mão em meio às ferragens”, conta. Para ele, uma tecnologia que anos depois facilitou muito o trabalho foi a motosserra com disco, que permitia cortar o veículo para acessar as vítimas a tempo do salvamento. “E hoje, com o equipamento desencarcerador a chance de êxito é ainda maior”, acrescenta.

Para os militares de ontem e hoje, o que persiste é o sentimento de recompensa pelas vidas salvas. “Sem dúvida é o que sempre nos trouxe maior satisfação”, ressalta Camargo. Para os três bombeiros, o que os militares de antes e de agora mantém em comum é o amor à farda. “Depois que você faz o primeiro atendimento é um caminho sem volta, será bombeiro para sempre”, pontua Motelievicz. “Somos iguais na coragem”, conclui Pereira.