Em entrevista exclusiva, ex-vereadora Claudia Bus fala sobre eleições, polarização e família

Ex-vereadora de Mafra lamentou a falta de representatividade política na região e abriu o coração sobre o diagnóstico de câncer cerebral de seu marido.

 

 

A professora e ex-vereadora de Mafra, Claudia Bus, foi a convidada desta semana do quadro “Dois Dedos de Prosa” do Riomafra Mix, em parceria com a rede de postos M7. Claudia que concorreu ao cargo de deputada federal por Mafra nas últimas eleições, falou sobre seu futuro na política e sobre os desafios decorrentes de um diagnóstico de câncer degenerativo em sua família.

 

Nascida em Araucária e mafrense de coração há mais de 23 anos, Claudia foi vereadora em Mafra entre 2017 e 2020, onde teve mais de 30 projetos aprovados. Em setembro deste ano, ela se candidatou ao cargo de deputada federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), com a missão de representar o Planalto Norte à nível nacional.

 

Sem pleitear a vaga, a candidata lamentou que a população não tenha votado em candidatos da região. “Muitos candidatos foram eleitos com o discurso de que só liberariam verbas para seus aliados. Ou seja, se o candidato não tem amigo aqui em Mafra ou no Planalto Norte, o recurso não vem. É por isso que Mafra precisa de uma representatividade política a nível estadual e nacional. A gente precisa se unir em torno de um nome. O último representante da região que tivemos foi o Mauro Mariani em 2018 e agora estamos novamente à deriva. Já foram quatro anos sem representatividade e teremos mais quatro agora. Serão oito anos sem alguém que olhe por Mafra e por nossa região, que é uma das menos desenvolvidas de todo o estado”, pontuou.

 

Claudia também falou sobre a polarização política que atravessou o período eleitoral à nível nacional.

 

“Não é o presidente da república que eu encontro em casa, no trabalho, na rua, na igreja. Eu encontro pessoas do meu convívio, amigos e familiares. De repente, por causa de uma polarização inventada e midiática, as pessoas deixaram de se reconhecer como seres humanos e sobretudo, como irmãos. Todo mundo tem as suas mazelas, o seu fardo para carregar. Nós não podemos deixar que questões políticas sejam maiores que os problemas humanos, que fazem com que a gente se reconheça como iguais”, disse.

 

Para a professora, ao invés de provocar uma onda de ódio, a política deveria levar esperança para as pessoas. “No fim das contas, todos queremos dias melhores, escolas melhores para nossos filhos, segurança pública e saúde de qualidade. Eu acredito que esta esperança deve voltar para nossos corações”, afirmou.

 

Para o futuro, Claudia pretende continuar trabalhando no campo político. “Eu sigo como membro da executiva estadual do PSB e também sou membro do PSB nacional. Estou entre os três representantes catarinenses na executiva nacional e para mim, é um orgulho, representar Mafra e o Planalto Norte em Brasília”, disse.

 

Momento difícil

Claudia vive um momento delicado em sua vida pessoal, após seu marido, o professor José Carlos Bus, ser diagnosticado com câncer cerebral em 2019. Juntos há 31 anos, Claudia conta que o marido sempre respeitou sua trajetória política e esteve a seu lado em todas as campanhas.

 

“Algumas pessoas disseram que não esperavam que eu me candidataria, por conta do problema de saúde do meu marido. No início fiquei relutante, mas sempre fui uma pessoa política. Deus me deu forças para superar mais este desafio. Desde criança, eu aprendi a lidar com os problemas. Por conta da cor da minha pele e por ter uma infância muito humilde, eu tive que aprender a lutar e me defender desde cedo. Eu me considero uma pessoa forte por enfrentar tantos desafios”, disse.

 

Claudia conta que o marido está acamado em casa e que por ser uma doença degenerativa, os médicos disseram que não há mais nada a ser feito. “Estamos cuidando dele em casa. Hoje ele tem cama hospitalar e oxigênio e seu quadro estável. Queremos garantir que ele tenha todo o conforto possível, neste momento. Infelizmente, para os médicos não há cura. Mas sei que para Deus, nada é impossível. Sei que se ele estivesse bem, estaria apoiando minha carreira política e isso foi o que me motivou a me candidatar e a continuar nesta luta”, disse.