Emerson Maas avalia gestão e define metas para Mafra em 2023

Em entrevista exclusiva, prefeito também falou sobre a relação com o governador Jorginho Mello e destacou o desafio de assumir a presidência da Amplanorte.

 

 

O prefeito de Mafra, Emerson Maas, foi o convidado desta semana do quadro “Dois Dedos de Prosa” do Riomafra Mix, em parceria com a rede de postos M7.

 

Mass, que segue para o terceiro ano de mandato em 2023, avaliou sua gestão neste ano, falou sobre a relação com o novo governador eleito, Jorginho Mello, e destacou o desafio de assumir a presidência da Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte).

 

Confira a entrevista na íntegra:

 

Como você avalia sua gestão neste último ano?

Estou fechando meu segundo ano de mandato. O primeiro ano foi o mais complicado, porque estávamos passando pelo pior período da pandemia, mas mesmo assim, Mafra teve boas estratégias para controlar a situação e reduzir o índice de mortalidade.

 

Este ano, começamos a todo vapor. Foi um ano de muito trabalho e muitos resultados. Tivemos grandes parcerias com os governos estadual e federal, recebemos muitas emendas e nossa equipe interna esteve empenhada em fazer as coisas acontecerem. Nosso orçamento era entorno de R$ 220 milhões e fechamos o ano com uma arrecadação de mais de R$ 250 milhões. A gente conseguiu superar as expectativas e seguiremos neste ritmo no próximo ano.

 

Ainda temos algumas coisas para ajustar, como por exemplo as pendências do Instituto de Previdência (IPMM), que está praticamente quebrado. Para se ter uma noção, o instituto arrecada praticamente 1,5 milhão por mês e o custo da folha de pagamento é de R$ 2 milhões, ou seja R$ 500 mil a menos. É um problema que a gente precisa gerenciar e tentar reverter.

 

Outra questão deste ano foi o novo piso salarial dos professores. Se a gente fosse fornecer este piso, teríamos que reajustar tanto o salário dos profissionais que estão na ativa como o dos profissionais já aposentados. Com isso, esta falta que temos hoje de R$ 500 passaria para R$ 1 milhão e o IPMM quebraria de vez. O sindicato chegou a entrar com um processo judicial e o resultado foi favorável à prefeitura. O piso não é obrigatório, uma vez que foi concedido pela União por meio de portaria e não de uma lei. Nós sabemos do mérito de nossos professores e já estamos fazendo uma reavaliação do plano de carreira destes profissionais, mas o piso é inviável no momento, levando em conta nossa realidade.

 

Apesar dos desafios, as letras de progressão de nossos servidores que estavam atrasadas desde 2006, foram colocadas em dia. Também assumimos uma dívida do IPMM de R$ 18 milhões, recuperamos maquinários, compramos equipamentos novos, voltamos com o programa Porteira Adentro e conseguimos reativar a pedreira do município, que estava interditada por conta de questões ambientais.

 

Além disso, iniciamos muitos projetos em 2022. Na Educação, compramos um sistema de apostilas para a rede municipal, fizemos um plano de reformas em diversas escolas, instalamos novos parquinhos nas unidades e passamos a oferecer um cardápio variado e nutritivo na merenda escolar.

 

Quando você lançou sua candidatura, uma de suas propostas era investir em um trabalho de combate à corrupção. Quais foram as estratégias adotadas pela gestão para combater esta questão em 2022?

Desde o início da gestão, eu coloquei um servidor de minha confiança para ser meu auditor interno. Ele fica o tempo todo verificando contratos e auditando os demais fiscais.

 

Nesta segunda-feira (19), eu ministrei um treinamento para boa parte dos servidores que vão fazer parte de um comitê de compliance que deve iniciar no próximo ano. Esta equipe está sendo preparada para analisar cada processo, fiscalizando editais, compras, recebimentos, obras, entre outros processos. Nós pretendemos gerir os riscos de uma vantagem indevida e tomar ações para que estes riscos não se tornem realidade. Com base nessa gestão, vamos criar procedimentos e rotinas para evitar qualquer ocorrência de corrupção ou vantagem indevida. Já temos este comitê formalizado e vamos prosseguir em breve com estas atividades.

 

Outra ação que temos para 2023 é a criação de uma secretaria específica de Compliance e Controle. A secretaria vai funcionar como uma corregedoria, fora da prefeitura, com uma equipe especializada, responsável por fiscalizar obras, contratos e demais processos; e gerenciar um canal de denúncias que será disponibilizado para toda a população. Qualquer servidor ou membro da sociedade civil poderá fazer sua denúncia e a gente ficará encarregado de investigar. Para montar a equipe, nós pretendemos abrir um concurso e selecionar os corregedores, auditores e controladores que atuarão dentro desta secretaria. Tudo já está encaminhado e pretendemos colocar estes projetos em prática a partir de 2023.

 

Você fez uma campanha maciça ao governador Carlos Moisés, que não se reelegeu. Com a entrada de Jorginho Mello, que faz oposição à sua gestão, como você acha que será esta relação?

Essa questão de oposição é balela para mim. Eu acho que depois que acaba a eleição, o barco deve seguir e a gente precisa trabalhar em conjunto. O Jorginho me surpreendeu muito, por estar formando uma equipe de governo muito técnica e profissional. O governador eleito também já afirmou que quer um governo de resultados e mais próximo dos municípios. Vejo isso de forma muito positiva.

 

Quando eu assumi a prefeitura de Mafra, eu não tinha acesso nenhum ao governo e só consegui ter mais contato com o Moisés no final de 2021, através do grupo jurídico do Podemos. Eu vejo que a aproximação com o governo se movimenta através de grupos políticos do estado, não é o local que interfere.

 

Hoje, nosso partido tem três deputados eleitos: a Paulinha, o Lucas Neves e o Camilo Martins. Eles estarão lá brigando por Mafra e tenho certeza que conseguiremos juntos, manter uma boa relação com o governador eleito. O Jorginho não é governador do PL, é de Santa Catarina e a gente torce para que ele seja o melhor para nosso Estado.

 

Durante a campanha, eu estive com o Moisés porque ele ajudou Mafra e trouxe muitos recursos para cá. Mesmo que ele não tenha sido reeleito, acredito no potencial de Jorginho e não vejo motivos para não termos uma boa relação. É importante deixar de lado os interesses pessoais e pensar no coletivo. Com certeza, o novo governador fará um grande trabalho e contará com todo o meu apoio.

 

Você assume a presidência da Amplanorte em 2023. Quais as estratégias e desafios para esta gestão?

O Planalto Norte, como um todo, sofreu muito nos últimos anos com escândalos de corrupção e cassações de prefeitos. Para piorar, somos a região mais esquecida do Estado. Ao mesmo tempo, somos uma das maiores regiões agrícolas de Santa Catarina, temos uma grande produção de celulose e muitas outras potencialidades que precisam ser reconhecidas.

 

Quando eu fui eleito presidente da Amplanorte, eu deixei claro que iríamos trabalhar com planejamento. Vamos criar um plano de desenvolvimento econômico para a região e levar as principais prioridades de cada município aos representantes estaduais e federais. A gente precisa pensar de forma coletiva e deixar as rivalidades entre os municípios de lado, se não a região não cresce.

 

Como você espera que seja o seu 2023?

O ano que vem será de boas expectativas. Nós realizamos muitas coisas e eu reforço que só conseguimos atingir os resultados necessários com planejamento estratégico. Quando a gente tem um planejamento, cada secretário e diretor sabe o que tem que ser feito.

 

Na gestão pública, a gente é consumido por tantas questões que surgem no caminho e se você não tem um planejamento, tudo sai do controle. Este foi o segredo da minha gestão, o planejamento. Queremos avançar cada vez mais neste sentido e adotar controles para manter a máquina em funcionamento. Para 2023, ainda temos muito o que fazer e vamos continuar buscando soluções para os problemas do município da melhor forma possível.