“Sobrevivi pela graça divina”, diz Jonas Heide em entrevista exclusiva

Vereador falou sobre o cenário pós-eleições e suas expectativas na política mafrense, além da relação com o executivo municipal e o recente acidente sofrido, que o deixou entre a vida e a morte.

 

 

Em entrevista exclusiva com o Riomafra Mix, o vereador de Mafra, Jonas Heide (PL) falou sobre o cenário pós-eleições e suas expectativas na política mafrense. Heide também destacou sua relação com o executivo municipal e o recente acidente sofrido que o deixou entre a vida e a morte.

 

Como você enxerga o resultado das eleições à nível estadual e nacional? Que leitura você faz deste cenário político em Mafra?

É muito propício para Mafra termos um governador alinhado com nossos pensamentos partidários. A eleição de Jorginho Mello (PL) será muito importante para a captação de recursos e verbas que o nosso município tanto precisa. Mafra, apesar de ser uma cidade muito boa para se viver, ainda é carente em vários aspectos. Por isso, estamos prontos para trabalhar pelo bem do município, com o apoio do governador eleito.

 

No âmbito nacional, eu vejo com preocupação toda essa apreensão que se instaurou sobre o que acontecerá com o país. Manifestações democráticas estão acontecendo e pelas minhas condições físicas, eu sou apenas um espectador. Mas ninguém tem dúvida do meu alinhamento político, até pelo meu partido, o PL, partido do presidente e do governador eleito. Eu aguardo com angústia e espero que o Brasil saia desta insegurança para que possamos voltar a trabalhar, empreender e gerar empregos.

 

Jonas, você é o nome do PL para as majoritárias de 2024?

O PL hoje possui grandes nomes e eu acho que temos chance de viabilizar uma candidatura, apesar de que precisa ser algo pensado, não é uma aventura. O que mais vemos em Mafra são aventureiros, prometendo mundos e fundos e não realizando nada depois de eleitos.

 

Eu acho que o PL tem grandes nomes. Nós temos o ex-vereador Edenilson Schelbauer, que é o presidente da sigla; o ex-candidato a deputado Marcio Cardoso, e outros nomes que tendem a somar dentro do partido.

 

Sei que também tenho condições de entrar nesta disputa, pela capacidade administrativa que acumulei nos últimos anos. Se nós queremos fazer a diferença, temos que apresentar uma proposta e a população é quem vai dizer se sim ou se não. No entanto, ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. Tem muito ainda a ser feito, mas não podemos fugir da luta. O soldado que morre sem lutar morre em vão.

 

Foto: Douglas Dias

 

Você vem tecendo críticas ferrenhas a atual administração. Essa oposição que você vem fazendo já foi para o lado pessoal?

Tenho certeza que sim, embora eu tente manter distância do lado pessoal. Há várias situações que provocam minha indignação, como quando o prefeito contrata um Fiat Mobi para transportar passageiros doentes, enquanto passeia por aí de Jeep Compass como um deus intocado. Se ele quer comprar um carro de luxo, que compre com o próprio bolso. Que não faça a população viajar doente de Fiat Mobi por toda a cidade. Enquanto ele está andando de Jeep, Mafra só tem uma ambulância para fazer a remoção de pacientes.

 

Mas não é só isso que me deixa indignado. Eu lembro quando estava sendo transportando após o acidente. Pedi aos bombeiros que não passassem pela Avenida Nereu Ramos, por conta da quantidade de lombadas. Esse projeto da Nereu já devia ter sido alterado faz tempo. É birra do prefeito não querer tirar as lombadas. E essa indignação não é só minha, é dos bombeiros, da polícia e da população em geral.

 

No mais, eu procuro manter distância, mesmo porque eu acho que briga pessoal não constrói nada. Meus apontamentos são contra a administração dele.

 

Você sofreu um acidente grave em agosto deste ano, que te deixou entre a vida e a morte. Como aconteceu esse episódio?

Durante o recesso parlamentar, fui trabalhar para um amigo meu na localidade de Butiá dos Taborda. Estava trabalhando com uma retroescavadeira e enquanto realizava a manutenção, fui prensado pela máquina, bem na região abdominal. Quebrei costelas e tive várias perfurações pelo corpo.

 

Quando a máquina me prensou a primeira coisa que eu pensei foi em procurar socorro. Como estava sozinho, eu rastejei por 60 metros por aproximadamente 3 horas, puxando o corpo com a força dos braços até chegar no meu carro. Dirigi por cerca de 500 metros até encontrar uma casa. Gritei muito e um morador me socorreu. Demorou cerca de 4 horas do momento do acidente até minha chegada ao hospital.

 

Eu cheguei consciente e tive lucidez para explicar o que aconteceu. Passei por procedimentos de drenagem pulmonar e ressonância magnética e logo em seguida, já fui para a sala de cirurgia. A primeira cirurgia aconteceu numa quinta-feira e durou cerca de 6 horas. Logo depois, no domingo, precisei passar por outra. Ali foi o ponto crucial e todo mundo pensava que a batalha já estava perdida. Depois da cirurgia, eu fiquei em coma por 10 dias, passei mais 8 dias na UTI e 3 dias no quarto de hospital.

 

Foi aí que tive consciência de que nós temos um complexo de saúde maravilhoso em Mafra. Quando eu cheguei eu gritava desesperado para o médico me salvar e ele segurou minha mão e disse que me salvaria. E eu acreditei naquelas palavras.

 

Me sinto hoje um vencedor. O que aconteceu comigo foi algo terrível e tenho certeza que sobrevivi pela graça divina e pelas orações de todos aqueles que se compadeceram com a minha situação e que me ajudaram neste processo de recuperação. Como Deus é bom o tempo todo, estou aqui para contar essa história em primeira pessoa.

 

De que forma o acidente mudou a sua vida?

Esse acontecimento mexeu muito comigo. Eu sempre vivi a vida correndo. Saía cedo de casa e voltava de noite, nunca parava. Com o acidente, eu pude fazer uma reflexão de que não vale a pena se desgastar tanto.

 

Eu soube que pessoas maldosas chegaram a dizer que eu teria forçado o acidente, por engajamento político ou sabe-se lá o quê. Ainda assim, eu não acho que valha a pena discutir com quem não acrescenta em nada. Aprendi que o certo a se fazer é desacelerar, fugir de picuinhas e aproveitar o meu neto de 7 meses, enquanto ainda posso.

 

Antes de me acidentar, eu também queria terminar o mandato de vereador e sair da política, uma vez que me elegi pregando a renovação. Mas hoje tenho certeza do meu propósito. Sei que a população gosta do meu trabalho e que eu preciso continuar trabalhando por ela. Por isso sigo de cabeça na política para tentar ajudar nosso município.

 

Da última vez que conversamos, você fez uma avaliação negativa dos demais vereadores. Essa avaliação continua?

Em grande parte, sim. Ainda temos muitos vereadores em Mafra que votam no cabresto, como o prefeito manda. O sistema é corrompido quando um vereador eleito para fiscalizar só vai até a Câmara para elogiar o prefeito. Para mim, esse tipo de vereador não está cumprindo com seu papel.

 

A eleição passada foi muito dura com vereadores que tiveram essa abordagem e tenho certeza que a população hoje tem plena condição de ver quem são os vendidos e quem está lá para fiscalizar, embora estes percam todas as votações, como no meu caso.

 

Eu já nem fico triste de perder as votações, porque sei que votando pelo certo, durmo com a consciência tranquila. E sei que a população consegue ver quem está lá para benefício próprio e quem está lá para benefício do povo.

 

Chegando no final de ano, o que você planeja para 2023?

Em 2023, nós seremos fregueses da Grande Florianópolis, da Alesc e do Governo do Estado. Eu quero estar sempre em Florianópolis, indo atrás de recursos e abrindo portas para Mafra, agora que temos o governador do nosso lado.

 

Temos tudo para estarmos alinhados com o Governo do Estado e vamos usar dos mecanismos que temos para viabilizar cada vez mais recursos para Mafra, que ainda é carente em tantas áreas. Tenho certeza que o ano de 2023 será um ano de construção política e o de 2024 um ano de vitória.