Esposa de paciente na UTI compartilha angústia da luta contra a covid-19

“Meu marido tomou todos os cuidados e ficou doente. O isolamento social é fundamental”, disse a esposa do paciente.

“Amo todos vocês, nunca se esqueçam.  Amo vocês.” Olívia guarda no celular a última mensagem deixada por Antônio para ela e os filhos antes de ser entubado e transferido para a UTI. Antônio, que até o início do ano era praticante da corrida – sua atividade física favorita – também não apresentava nenhum fator de risco para a covid-19.

 

“Ele tomava todos os cuidados possíveis, usava álcool em gel, chegava em casa e já ia tomar banho, trocava toda a roupa, até dirigindo sozinho ele estava de máscara”, conta a esposa, que teve o nome trocado nesta reportagem. Segundo ela, os primeiros sintomas começaram no dia 16 de junho e, após quatro dias fazendo uso de vitamina C e antigripais, Antônio procurou a Unidade Básica de Saúde Irajá Martins, quando realizou o teste de covid-19. No dia seguinte, acabou sendo internado devido à piora no quadro e começou o tratamento contra o coronavírus. Há uma semana, precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva destinada a pacientes da covid e, desde então, a família vive dias de ansiedade.

 

Olívia reforça que não houve descuido nas medidas de segurança adotadas pela família e não imagina de que forma ele poderia ter adquirido a doença. “Fizemos uma retrospectiva ainda no hospital, ninguém na empresa onde ele trabalha teve covid, ele foi duas vezes ao supermercado e abasteceu o carro apenas uma vez. A vida dele é da casa ao trabalho”, recorda. 

 

Desde que o marido apresentou a doença, a família tem se mantido em isolamento domiciliar e aguarda o resultado dos testes realizados pelas equipes da saúde do município. Além da preocupação com o marido, Olívia agora precisa também administrar a ansiedade dos filhos, que aguardam notícias do pai. “O mais novo acha que o pai está tomando soro pra fortalecer, pois é essa visão que ele tem de uma internação. Já o mais velho está bem abalado, porque viu o pai entubado”, explica. 

 

Para a dona de casa, as orações e o apoio dos vizinhos e amigos tem fortalecido a esperança da família neste momento. “Eu não tenho minha família por perto, então, neste momento de fragilidade percebo a gigante corrente de orações por nós. 
Tenho vizinhos que se oferecem para buscar alimentos, alguns nos surpreendem até com ajuda financeira. Há pessoas que tem nos comovido com gestos simples mesmo, como a vizinha que me emprestou a senha do wi-fi para que eu pudesse ter notícias do Antônio no dia do vendaval, quando os telefones não funcionavam”, conta emocionada.

 

Olívia destacou ainda todo o amparo dado pelas equipes de saúde de Rio Negro, que diuturnamente buscaram dar não apenas o tratamento médico à família, como também conforto emocional. “Posso contar com todos eles de domingo a domingo e estamos sempre em contato para notícias do estado de saúde do meu marido”. 

 

Com muita expectativa pela recuperação, Olívia pede aos riomafrenses que colaborem no combate ao coronavírus. “Peço de coração a todos que parem e pensem, o isolamento social é fundamental, não adianta achar que não vai acontecer com um de vocês. Meu marido tomou todo cuidado do mundo e aconteceu. Tenho fé em Deus que ele vai sair dessa, ele ama a vida, ama os filhos e a família dele”, pontua.