Policiais civis do Paraná realizam paralisação; veja como fica o atendimento

Manifestantes protestam contra projeto de lei para reestruturação de carreira. Medida trará perdas para a categoria, como aumento de carga horária e disparidades salariais.

Foto: Robson Komochena

 

 

Os policiais civis do Paraná estão realizando uma paralisação de 48 horas em todo o Estado. A mobilização, encabeçada pelo Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná), começou nesta quarta-feira (28) e se estenderá até hoje (29).

 

A paralisação é um protesto contra o projeto de lei encaminhado pelo Governo do Paraná à Assembleia Legislativa (Alep) tratando da reestruturação de diversas carreiras no âmbito da administração pública, incluindo a Polícia Civil.

 

A proposta do projeto é unir as carreiras de escrivães e investigadores, transformando esses dois cargos em um só, com a criação da carreira de Agente de Polícia Judiciária. Atualmente, o escrivão é responsável pela gestão das ações cartorárias, e o investigador coleta depoimentos e participa de ações especiais.

 

De acordo com o Sinclapol, o texto do projeto de lei, caso seja aprovado da forma como foi apresentado, trará perdas para a categoria, uma vez que com a unificação das carreiras os policiais terão um acúmulo de funções sem a devida compensação financeira.

 

Além disso, os novos reajustes previstos no projeto, comprovam a disparidade entre as remunerações entre escrivães, investigadores e delegados. Atualmente, um delegado em início de carreira, quarta classe nível I, recebe hoje R$ 19,1 mil. Com o novo enquadramento, este mesmo profissional passaria a pertencer ao nível III, com salários de R$ 23,2 mil, um reajuste de 21,36%.

 

Já um investigador em início de carreira, quinta classe nível I, recebe hoje R$ 6,7 mil. Com a aprovação do pacote do Governo, esse agente passaria a receber R$ 7,2 mil, com um reajuste de 7%.

 

Os policiais também reclamam do fato de que escrivães e investigadores, além das 160 horas mensais de trabalho normal, serão colocados em uma jornada mensal de 160 horas de “sobreaviso” sem a devida compensação salarial.

 

“Além do regime de trabalho normal, teremos que ficar em estado de alerta, com o celular ligado, sem poder viajar. Sempre com aquela pressão de ser chamado a qualquer momento e sem receber um centavo por isso. É inconstitucional o que estão fazendo. Além disso, todos os policiais, delegados e agentes de polícia judiciária deveriam receber o mesmo índice de reajuste. Nossa intenção com esta paralisação é chamar a atenção para esta diferença que existe dentro da própria categoria, onde uma classe é beneficiada e outra prejudicada”, reclamam os policiais.

 

O presidente da Alep, deputado Ademar Traiano (PSD), anunciou para a próxima segunda-feira (3) o início da tramitação em Plenário do pacote de projetos de Governo. Ele explicou que entende como normal a insatisfação “de algumas categorias” de servidores, mas que como o projeto será discutido em duas sessões, será possível que os deputados apresentem emendas ao projeto.

 

Atendimento em Rio Negro

Apesar da paralisação, o atendimento na delegacia de Rio Negro segue normal, assim como as situações de flagrante e as oitivas de pessoas intimadas.

 

Já os boletins de ocorrência não estão sendo registrados pelos agentes, mas sim, por estagiários e auxiliares administrativos. O mutirão de serviços gratuitos “PCPR na Comunidade” na Vila São Judas Tadeu também foi mantido para que a população não fosse prejudicada.