Presidente do Hospital Bom Jesus fala sobre os projetos futuros da instituição

Segundo Mônica Bessa, hospital estuda construir uma UTI e retomar o serviço de tomografia.

Prev 1 of 1 Next
Prev 1 of 1 Next

 

 

Em entrevista exclusiva ao Riomafra Mix, a presidente do Hospital Bom Jesus de Rio Negro, Mônica Lottermann Bessa, falou sobre a transparência de contas do hospital e dos projetos futuros da instituição.

 

Durante a conversa, Bessa também abordou o fim do contrato do pronto atendimento com a prefeitura, a situação da maternidade pública e os atrasos na reforma do telhado do hospital.

 

Confira a entrevista completa:

 

Como é feita a transparência do hospital?

Nós fazemos um balancete de prestação de contas que é apresentado anualmente em uma assembleia geral ordinária, que ocorre geralmente em abril. Esse balancete também fica publicado no nosso site.

 

Além disso, para receber as emendas parlamentares de deputados federais, nós precisamos apresentar todo o processo licitatório nas plataformas de compras, seja do governo federal, estadual e municipal. Tudo o que compramos com o dinheiro de emendas parlamentares é de domínio público e a população pode consultar em nosso site.

 

Nós também prestamos contas das pactuações e contratos que fazemos com o governo estadual e com a prefeitura. Por exemplo, como o município de Rio Negro não tem um pronto atendimento, ele contrata o serviço do Hospital Bom Jesus. Estas despesas são apresentadas para a Secretaria Municipal de Saúde mensalmente. A pasta, em seguida, apresenta estes mesmos dados ao Conselho Municipal de Saúde e para a Câmara de Vereadores.

 

Como anda a situação tributária do hospital hoje?

Por muito tempo, o hospital não tinha certidões negativas e em 2018, conseguimos regularizar nossa situação, parcelando todas as nossas dívidas. Em 2020, em decorrência do covid-19, infelizmente, tivemos que fazer decidir se manteríamos os parcelamentos destes tributos ou se compraríamos materiais e medicamentos para os pacientes. Como o momento era crítico e todos os hospitais estavam lotados, optamos por não deixar nossos pacientes desassistidos. Estes valores aliados ao aumento abusivos dos medicamentos, principalmente os usados para intubação, acabou colocando o hospital no vermelho novamente.

 

Apesar disso, conseguimos um mandado de segurança que nos possibilitou continuar recebendo emendas parlamentares mesmo sem as contas em dia. Logo, conseguimos retomar os parcelamentos e estamos hoje somente com a certidão negativa do FGTS que já está em vias de finalização. Acredito que muito em breve, conseguiremos normalizar nossa situação tributária.

 

Como os pacientes estão avaliando o atendimento do hospital? Vocês conseguem medir este nível de satisfação?

Sim. Nós temos uma ouvidoria dentro do hospital, onde recebemos críticas e elogios. Temos mensalmente cerca de dois mil atendimentos e a média é de duas a cinco reclamações por mês. Ou seja, a taxa de satisfação é muito grande e estamos caminhando para que melhore ainda mais.

 

O hospital tem algum plano para restabelecer uma maternidade pública em Rio Negro?

Toda a negociação que gira em torno de uma maternidade é ser feita com o Governo do Estado. Não cabe à prefeitura ou ao hospital decidir isso.

 

Uma maternidade tem um custo muito alto. Ela precisaria, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, de 100 partos por mês para ser viável. Mesmo sem partos, a maternidade precisa ter médicos, enfermeiros e equipes a postos dentro da ala. Este foi um dos motivos pelos quais o hospital teve que fechar a maternidade. Na época, o prejuízo era de mais de R$ 20 mil. Não tínhamos mais como continuar bancando este custo.

 

Quando fechou a maternidade no Centro de Rio Negro, nós aceitamos a transferência para o hospital sem ter a noção das despesas e se era viável assumirmos este compromisso.

 

Hoje, o Governo do Paraná tem um pacto com o Governo de Santa Catarina, onde as gestantes rionegrenses são atendidas em Mafra em um hospital que é referência, que tem UTIs neonatal e atende a regional toda. Quando o caso é de média e alta complexidade, o Governo do Estado achou conveniente firmar convênio com Campo Largo que é quem atende nestes casos. Logo, esta discussão referente à maternidade cabe somente ao Governo do Estado.

 

Um serviço que está encerrando no hospital é o Pronto Atendimento que passará a ser gerido completamente pelo município. Porque este contrato chegou ao fim e o que podemos concluir a respeito do serviço?

O Pronto Atendimento era prestado aos munícipes por meio de um contrato com a prefeitura, que tinha algumas particularidades de atendimento. Este contrato vinha de muitos anos e precisávamos fazer um reajuste, pois os custos, de equipamentos e medicamentos aumentaram muito. No entanto, a prefeitura achou melhor encontrar outro prestador que oferecesse um valor mais viável.

 

A princípio, o município vai reformar uma unidade de saúde para transferir este atendimento e depois eles pretendem construir um novo pronto atendimento. O munícipe não vai sair perdendo e o hospital continuará realizando os atendimentos de emergência, vindos do Siate, do Samu e dos Bombeiros.

 

Com a renda do Pronto Atendimento indo embora, como o hospital se planeja para continuar sem este recurso?

O PA é nossa maior fonte de renda, mas é também nossa maior despesa. Hoje nós estamos tendo um custo maior do que recebemos. Para equalizar tudo isso e não termos uma diferença muito grande no nosso orçamento, nós estamos preparando alguns novos serviços para podermos suprir esta receita e manter o hospital em funcionamento.

 

A empresa Santa Casa Fundação Pró Vida demonstrou interesse em assumir a administração do hospital e a negociação trouxe à tona o interesse de muitos políticos. Como andam estas tratativas?

Nós sempre procuramos dissociar o hospital da política. Embora, a gente se mantenha de valores recebidos de emendas parlamentares, o hospital é apartidário. A vinda da Santa Casa para Rio Negro surgiu após uma prestação de serviço, que trouxe os gestores da empresa ao nosso hospital.

 

A partir daí, iniciamos tratativas com a Santa Casa que é uma instituição de administração hospitalar com sede em São Paulo. No entanto, o patrimônio do HBJ custa mais de R$ 40 milhões e foi construído ao longo dos 100 anos da entidade. Apesar de sermos uma instituição privada, nós atendemos toda a população rionegrense e esta unidade pertence ao nosso povo.

 

Se nós entregarmos este patrimônio para a Santa Casa, nós não temos efetivamente uma garantia de que vão continuar prestando este serviço dentro de dois ou cinco anos.

 

É por isso que mantemos esta negociação. Para termos a garantia que o serviço de saúde continuará em funcionamento. Não temos envolvimento político, embora este tema tenha sido alvo de desejo de muitos vereadores e do próprio Executivo. Até porque eles têm o interesse de melhorar o serviço oferecido ao munícipe, mas nós enquanto gestão, precisamos de garantia de que isso vá acontecer efetivamente.

 

Desde 2013 uma das alas do prédio do hospital está desativada por que o telhado está comprometido. Quando esta obra será finalmente retomada?

O telhado do hospital caiu em 2013 e nós queremos terminar este telhado o quanto antes, para termos novamente os leitos desativados. Dos R$ 448 mil que foram alocados neste projeto da reforma do telhado, nós recebemos R$ 108 mil com contrapartida de R$ 16 milhões de recursos próprios do hospital. A primeira etapa consistiu na demolição do telhado antigo e na substituição de pisos de madeira por lages de concreto. Atualmente, o contrato está sob avaliação da Secretaria de Estado de Saúde, tendo em vista que os valores já estão defasados. O ferro e o cimento subiram muito durante a pandemia e teremos que retomar o projeto, dentro dos valores que foram destinados à reforma. Ainda assim, a previsão é de que a obra seja retomada até outubro deste ano.

 

Quais serão os novos investimentos do hospital para 2023?

Vamos retomar em breve os serviços de tomografia com recursos próprios, garantindo que todos os pacientes tenham acesso aos exames por meio de pactuações com o Governo do Estado e até mesmo com outros municípios.

 

Também pretendemos futuramente construir uma UTI. Já temos um projeto arquitetônico com 10 leitos disponíveis. Mas para o funcionamento da UTI, nós precisamos de outros serviços de retaguarda. Além de terminar o telhado para termos mais leitos comuns e da reativação do serviço de tomografia, também precisamos de uma central de esterilização bem equipada.

 

Depois de construirmos, temos também que buscar convênios com o estado. Só vamos conseguir atender a nossa municipalidade se o Governo do Estado pactuar conosco. A UTI é um serviço de complexidade de responsabilidade estadual. O estado precisa pactuar conosco para garantirmos esta prestação de serviços.