Quais as dificuldades e necessidades dos comerciantes da área central de Rio Negro?

Os comerciantes pediram soluções para impostos, imóveis abandonados, trânsito, segurança pública e moradores de rua. A Prefeitura apresentou números positivos e garantiu buscar resolver os problemas apresentados.

Fotos: Robson Komochena

 

 

Comerciantes varejistas de Rio Negro se reuniram na última semana e apresentaram suas necessidades aos poderes Legislativo e Executivo.

 

Batizado de “Diálogo para o Desenvolvimento”, o encontro aconteceu na sede da Câmara de Vereadores, e contou com a participação de mais de 30 pessoas. Além dos comerciantes, também participaram vereadores, secretário de Indústria e Comércio, prefeito e vice, e dois técnicos do Sebrae/PR.

 

A iniciativa foi do presidente da Câmara, Ricardo Furquim, que afirmou que o objetivo é estar próximo da comunidade para ouvir, aprender e sanar as demandas. Nos próximos meses, segundo Furquim, novos encontros serão marcados para os comerciantes dos bairros e também sobre o setor imobiliário.

 

Incentivo, redução de impostos e imóveis abandonados

Abrindo os diálogos, Geovane de Lima levantou pautas como incentivo e redução de impostos, infraestrutura e aviso prévio sobre obras. “Uma sugestão que solicitei na época que fui presidente da ACIRN foi um benefício para a locação de salas comerciais, como por exemplo, a isenção de IPTU por um ano”.

 

O empresário também falou de terrenos e imóveis abandonados há anos. “Os proprietários deveriam ter que investir nesses imóveis ou passá-los para alguém que o faça”, comentou.

 

Geovane comentou da redução fiscal de ISS. “Estamos progredindo na área de saúde, principalmente em Mafra com o curso de medicina. Como Rio Negro tem imóveis sobrando, a gente tinha que ter benefícios pra esses médicos que trabalham na Unimed em Mafra e querem abrir uma clínica ou um consultório aqui. Devemos fomentar essa prestação de serviço aqui em Rio Negro”.

 

Por fim, o empresário sugeriu que, quando ocorrer fechamento das ruas durantes obras, os comerciantes sejam avisados previamente.

 

Mobilidade urbana e trânsito

O corretor de imóveis Lourival de Sá Ribas, falou da mobilidade urbana e circulação de imóveis. “O investidor hoje pensa muito bem onde ele vai se instalar. Para isso, ele vai buscar um lugar que lhe dê algum retorno. Hoje temos muitos imóveis parados e a gente não quer que os proprietários percam suas propriedades, queremos que haja circulação”, pontou.

 

Sá Ribas também falou do trânsito e da mobilidade urbana. “Estamos muito felizes com a abertura do calçadão. Essa mudança, ao meu ver, será benéfica, pois abrirá mais vagas de estacionamento. Aí já entramos na questão do estacionamento rotativo, que deve ser pensando em consenso com Mafra”, concluiu.

 

 

Segurança e moradores de rua na área central

Para o veterinário Radir Cherobin, o comércio de Rio Negro perdeu muito se unindo à Região Metropolitana de Curitiba. “Perdemos o aporte regional. Por exemplo, se um empresário abre uma concessionária em Curitiba, porque abriria em Rio Negro? Afinal, estão numa mesma região. O poder público ganhou com isso, mas o comércio não”.

 

Radir também falou das situações de moradores de rua e prostituição. “Por muitos anos, nossos governantes diziam que Rio Negro era um centro gastronômico. Ficamos felizes com isso, mas esse mercado também trouxe consigo a prostituição, o tráfico de drogas, moradores de rua, como acontece com os grandes centros, em cidades grandes”, comentou.

 

“O poder público sustenta os moradores de rua. Hoje, o CAPS leva café da manhã, almoço e janta. Eles são bem assistidos e com essa assistência, eles vão ficando por aqui e se proliferando”, acrescentou.

 

O empresário também comentou das situações que poderiam ser melhoradas no trânsito rionegrense. “A rua lateral da Igreja podia ser um estacionamento. Poderiam colocar uma faixa branca ali e criar mais vagas. Há muitos erros no trânsito e falta coragem do poder público de olhar para as rotatórias e fazer mudanças nas sinalizações e pequenas adequações. A rua Getúlio Vargas vive em engarrafamento, porque não tem um faixa que divide a via. Uma pista dupla, nesse caso, resolveria o problema. Falta um pouco de boa vontade”, concluiu.

 

 

Comércio abandonado, moradores de rua e ISSQN

A quarta fala da noite foi do empresário Marcos Santana, que afirmou sentir o comércio rionegrense abandonado. “Já tive visitas em véspera de eleições, mas depois de eleitos, ninguém nunca mais apareceu. Nós sabemos que hoje Mafra não depende de Rio Negro, mas nós dependemos de Mafra”.

 

Santana também falou da situação dos moradores de rua. “É lamentável, principalmente essa questão dos moradores de rua. Houve um caso recente de um morador que quebrou a vidraça de um comerciante e as câmeras de monitoramento não registraram nada. Esses andarilhos ficam incomodando as pessoas e nós não temos nem o direito de encostar neles. Minha família é de Rio Negro e a gente vinha para a feira toda a quarta-feira. Era bonito de ver e agora só vemos andarilhos, prostitutas e usuários de drogas. Ninguém mais tem coragem de pegar a esposa e os filhos e levar para a praça. Nós perdemos a nossa praça para a praça de Mafra, que não tem nenhuma árvore. Infelizmente, eu estou desacreditado”, pontou.

 

Por fim, o empresário comentou que Santa Catarina é isenta de ISSQN em alguns itens e no Paraná não. “Nós somos vizinhos de Mafra e hoje meus concorrentes pagam uma peça por R$ 60 e eu pago R$ 90. Como é que eu vou competir com ele? Cabe ao poder público brigar por essa questão, visto que estamos em uma divisa”.

 

 

Agilidade e atenção aos empresários

Para o comerciante Afonso Treml, é necessário mais agilidade para atendimentos pequenos, como troca de local de ponto de ônibus. “É difícil para o empresário você depender de uma vitrine para vender seu produto e a prefeitura fazer um ponto de ônibus na frente dela. Eu solicitei para todos os vereadores e até o prefeito e até hoje está lá. Propus até pagar para retirar o ponto dali, mas vemos que o poder público não liga para as empresas”, contou.

 

Afonso afirmou que é preciso fortalecer a cidade. “Eu queria que vocês olhassem com carinho para cada empresário, pois eles empregam várias famílias”, finalizou.

 

 

Secretaria de Indústria e Comércio apresenta números positivos

William Mazur, secretário de Indústria e Comércio, respondeu as questões levantadas e apresentou números positivos. “Nosso objetivo é o desenvolvimento do município. O que conseguimos constatar é que varejo do Centro é quem sofre mais com as questões de infraestrutura e segurança. Nós temos alguns projetos para tentar amenizar essas questões, como a própria retirada do calçadão, que deve aumentar o fluxo de pessoas nos comércios e o número de vagas de estacionamento”.

 

Segundo Mazur, o índice de crescimento de comércio e indústria fechou em 47%. “Tivemos um saldo positivo de empregos, com mais de 300 vagas desde o ano passado. E estamos desenvolvendo algumas ações para movimentar o comércio e aumentar o potencial consumidor, como o Festival Gastronômico de Inverno”, explicou.

 

Com relação a questão de ocupação das áreas vazias e do IPTU progressivo, o secretário afirmou que cabe uma conversa técnica com as imobiliárias e com os proprietários destes imóveis. “Sobre os benefícios fiscais, nós temos uma lei de incentivo fiscal, mas é preciso apresentar um plano de negócio e não ter pendências com as questões tributárias”.

 

“Sobre as obras, gostaríamos de sempre avisar antes os comerciantes, mas como cumprimos contratos e prazos, nem sempre conseguimos. É algo que podemos estudar para que não cause tanto impacto aos comerciantes”, disse.

 

No quesito segurança pública, Mazur explicou que patrulha patrimonial não tem o poder da polícia. “Ela preserva o patrimônio público e combate o vandalismo. Graças a ela, desde o ano passado, o número de pequenos furtos reduziu bastante. Não é uma medida que vai solucionar o problema, mas ameniza a situação, enquanto não temos respaldo do estado”.

 

Sobre os moradores de rua, explicou que existe uma política pública de amparo que é pautada em outras legislações, mas a gestão está procurando outras soluções para isso. “Esse problema não é somente de Rio Negro, mas um problema generalizado. Sobre as câmeras de segurança, fazemos o que é possível, junto ao Conseg para proporcionar mais segurança. A câmera, além de identificar suspeitos, também ajuda a inibir os delitos. Ela serve como instrumento, mas não vai resolver todos os problemas de criminalidade”.

 

Mazur também destacou que Rio Negro teve um incremento de 19,58% do valor de ICMS no setor industrial no ano passado, 39,46% no setor comercial e 56% na produção primária, o que soma um crescimento de 46% no município, além de um incremento de quase R$ 1 milhão em ISS.

 

 

Para James, problemas precisam ser resolvidos

Para o prefeito James Valério, que fechou a roda de conversa, os problemas pontuais apresentados precisam ser resolvidos. “Eu proponho esse desenvolvimento com o apoio do Sebrae. O que eu fico muito satisfeito é que uma equipe minha esteve em Blumenau esta semana e levamos algumas soluções nossas para esta que é uma das maiores cidades de SC, como o fato de estarmos completamente digitalizados. Hoje, a prefeitura de Rio Negro tem um canal de atendimento, onde tudo é feito de forma digital. Nós somos o 19° IDH do Paraná e a 45° cidade do país para melhor viver”, destacou.

 

Sobre a segurança pública, James reconheceu a necessidade de buscar melhoras para a estrutura. “Claro que precisamos melhorar e uma das nossas grandes missões é buscar mais efetivo policial, principalmente porque temos uma escola de formação na Lapa com 40 novos soldados que devem se formar em 2023. Isso deve ajudar a segurança da nossa região” explicou.

 

James disse que mudanças do trânsito estão em análise. “A primeira rotatória que fizemos nesta gestão já está de acordo com as normativas do Conselho Nacional de Trânsito”, pontou.

 

“Posso dizer com clareza que nós temos mais acertos do que erros. Estamos implantando o Espaço Empreender do Sebrae, temos uma boa relação com os taxistas e motoristas de aplicativo, estamos sim fazendo mudanças no trânsito que outros nunca tiveram coragem de mexer. Eu ainda tenho dois anos e meio para fazer tudo isso. Acabamos de sair de uma pandemia e as coisas não acontecem de um dia para o outro. Eu estou iniciando e deixando o meu legado para as próximas gestões. Mudamos recentemente o Plano Diretor que oferece condicionalidades para a construção de prédios mais altos em Rio Negro. Vamos continuar apostando em Rio Negro e deixar nosso legado para que nossos comerciantes e moradores voltem a acreditar no potencial de nossa cidade”, concluiu.