Registro de Imóveis completa 127 anos de história e serviços em Rio Negro

Cartório nasceu antes da Guerra do Contestado e viu conflito alterar os limites territoriais da região, assim como o nascimento de cidades.

Ata manuscrita de 12 de janeiro de 1897, onde o então juiz Augusto Leonardo Salgado Guarita autoriza o início do serviço em Rio Negro. Fotos: Robson Komochena.

 

 

O Registro de Imóveis de Rio Negro celebra 127 anos de instalação nesta sexta-feira (12). Uma história que se confunde com a criação da própria Comarca, instalada apenas um mês antes.

 

Foi em 12 de janeiro de 1897, em uma ata manuscrita com caligrafia impecável, como eram os documentos da época, que o então juiz Augusto Leonardo Salgado Guarita autorizou o início do serviço em Rio Negro.

 

Entre os cartórios mais antigos do Paraná e da região, o Registro de Imóveis de Rio Negro viu não apenas a cidade se desenvolver e ser povoada, mas também, a criação de outros municípios a partir do território rionegrense, como Mafra, em 1917 e Itaiópolis, em 1918.

 

Nem mesmo durante a Guerra do Contestado, uma das principais disputas territoriais entre 1912 e 1918 na região, que o cartório deixou de funcionar. Inclusive, foi o conflito que alterou limites e a geografia da região, mudando sua área de atuação.

 

Fernanda Balistieri da Natividade está à frente do Registro de Imóveis desde 2017.

 

Desde 2017, Fernanda Balistieri da Natividade está à frente do Registro de Imóveis. Ela é a sétima oficial de registro a assumir o cartório em 127 anos, sendo a primeira mulher e também a primeira concursada para o posto.

 

Entre os sete oficiais, Waldemiro Weiss (em memória) foi quem ficou mais tempo no cargo de Oficial, durante 36 anos, além de outros 24 como funcionário, antes e após sua gestão.

 

“É um orgulho e uma responsabilidade muito grande pra mim, afinal, o cartório não abrange apenas Rio Negro, mas toda a comarca, incluindo Piên, Quitandinha e Campo do Tenente. Somos responsáveis por dar segurança jurídica a toda essa população, a sermos eficazes com o serviço, dar publicidade nesses registros”, comentou Fernanda.

 

Fernanda explicou que uma das principais funções do cartório é garantir que o imóvel realmente pertence a uma pessoa, através do histórico completo de cada bem registrado. “Aqui, são registrados e arquivados todos os documentos referentes à propriedade imobiliária. Registros, anotações, publicações atos de aquisição e transmissão da propriedade imóvel”, destacou.

 

O arquivo de 1897 ainda está preservado no cartório, mas tudo foi digitalizado.

 

Acervo

O arquivo de mais de 100 anos ainda está no cartório, intacto. Mais para fins históricos do que necessariamente para uso, já que tudo foi digitalizado. “Quando assumi, uma das minhas primeiras ações foi contratar uma empresa para digitalizar tudo. Eram mais de 100 anos de informações apenas em livros, correndo o risco de se perderem. Agora, temos tudo digital, com várias cópias, inclusive na ‘nuvem’, destacou Fernanda.

 

Fernanda também ressaltou que hoje, é possível realizar de forma online, todos os serviços que são oferecidos de forma presencial, através do site Registradores.

 

Colaboradora mais antiga

Claudia Aparecida Marques é funcionária do cartório desde novembro de 1993, e acompanhou a evolução tecnológica.

 

Desses 127 anos de histórias, em 30 deles, Claudia Aparecida Marques esteve presente. Funcionária do cartório desde novembro de 1993, Claudia divide experiências com a equipe, de oito pessoas, e conta como acompanhou a evolução no processo cartorário.

 

“Quando eu cheguei, os documentos já não eram mais escritos à mão, e sim, datilografados na máquina de escrever. Comecei com as máquinas tradicionais, depois as elétricas, até chegar a era do computador. Mas no começo da fase digital, era um sistema específico”, relembra.

 

Claudia conta da extrema concentração que era necessária. “Errar um texto de uma certidão era algo quase que proibido. Quando a gente errava, tinha que jogar fora aquela folha e recomeçar o trabalho. Ainda, teve um tempo que, se o erro fosse percebido na hora da transcrição no livro, colocávamos a expressão ‘digo’, e refazíamos a frase”, conta.

 

A funcionária mais antiga do cartório também contou como era a logística para se organizar entre tantos livros. “Existia um ‘livro dos livros’, um índice. Nele, eram anotados os nomes das pessoas e, ao lado, o código dos livros que continham informações sobre seus imóveis”.

 

 

Serviço

Registro de Imóveis de Rio Negro

Rua Coronel Joaquim Teixeira Sabóia, 55, Centro – Rio Negro

Atendimento 8h30 às 11 horas e das 13 às 17 horas

(47) 3642-0614.