Comandante repudia projeto que pode acabar com corporações de Bombeiros Voluntários

Segundo o comandante da corporação de Itaiópolis, Anderson Oparacz, projeto é um duro golpe nos mais de 4 mil municípios brasileiros que ainda não contam com serviços de emergência.

Foto: Douglas Dias

 

 

As corporações de bombeiros voluntários, que atuam no auxílio e combate a ocorrências em todo o Brasil, estão ameaçadas, por conta de um projeto de lei aprovado pela Câmara de Deputados na última semana.

 

O Projeto de Lei 4.363 de 2001, que tramita há 21 anos na casa, institui a Lei Orgânica das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, que recebeu na reta final da votação, a inclusão de dois dispositivos que praticamente proíbem o funcionamento dos corpos de bombeiros voluntários no país.

 

O texto prevê que a gestão dos bombeiros voluntários seja repassada aos bombeiros militares e proíbe os termos “bombeiro” e “corpo de bombeiros” a outras corporações que não a militar.

 

Com a aprovação, o texto segue para votação no Senado, ainda sem data definida.

 

O comandante da corporação de Bombeiros Voluntários de Itaiópolis, Anderson Oparacz, repudiou o projeto e afirmou que a iniciativa é um duro golpe nos cerca de 4 mil municípios brasileiros que ainda não contam com serviços próprios de atendimento a emergências.

 

Ainda segundo o comandante, caso a lei seja sancionada, centenas de entidades podem fechar as portas.

 

“Na prática, as corporações de bombeiros voluntários deverão ser subordinadas e fiscalizadas pelos Corpos de Bombeiros Militares. No entanto, esse fator trará uma série de problemas subsidiários, inviabilizando nossa atuação. Além disso, com a aprovação do projeto de lei, será proibido a utilização da nomenclatura “bombeiro”, seja nos documentos, nos uniformes, nos equipamentos e nas viaturas”, disse.

 

Oparacz complementa que é um absurdo deixar mais de 4 mil cidades do país sem nenhum tipo de serviço de emergência. “É inaceitável tentarem, através da legislação, do lobby político e do corporativismo militar, destruir aquilo que foi construído com suor e dedicação durante tantos anos”, afirma.

 

Em Itaiópolis, a corporação existe desde 1995, quando um grupo de pessoas colocou em prática um antigo anseio da população itaiopolense que necessitava de uma instituição para combater incêndios e socorrer pessoas acidentadas.

 

Atualmente, cerca de 30 bombeiros voluntários se revezam nas escalas e plantão 24 horas por dia para atender a comunidade. “Prestamos um serviço de excelência e trabalhamos de forma voluntária, abdicando de nosso tempo livre para ajudar a população. Nestes 27 anos foram inúmeros os atendimentos prestados, o que só foi possível com o trabalho de nossos integrantes, e também com o apoio da comunidade que nos incentiva dia após dia, a continuar essa missão”, finalizou o comandante.