Após conflito em Chapecó, famílias indígenas chegam a Mafra; entenda
Índios estão instalados em um acampamento ao lado do terminal rodoviário.
Cerca de 40 famílias indígenas chegaram a Mafra na tarde deste domingo (30). Eles vieram em três ônibus fretados, que saíram de Chapecó, no oeste do Estado, onde ocorre um conflito na aldeia Kondá.
O grupo está abrigado em um acampamento na rua Pioneiro Antonio Cordeiro de Oliveira, ao lado do terminal rodoviário.
Segundo informações, a escolha de se abrigar em Mafra foi motivada pelo parentesco com o cacique, que é filho de um dos indígenas desabrigados em Chapecó.
O que motivou o conflito?
O conflito iniciou no dia 16, na aldeia Kondá, em Chapecó, onde um indígena foi morto com pelo menos quatro disparos de arma de fogo e vários ficaram feridos. Durante o conflito, cerca de 17 casas e cinco veículos foram incendiados.
De acordo com a Polícia Militar, o conflito tem relação com descontentamento de um grupo com o resultado das eleições para cacique, ocorridas em 2022.
A PM informou que o ataque começou no amanhecer do dia 16, no local onde acontecia uma festa. Indígenas de um grupo opositor ao atual cacique foram até o local e uma briga generalizada iniciou.
Alguns dos desabrigados perderam as casas, que foram incendiadas. Outros, deixaram a aldeia por medo de novos conflitos.
Os indígenas foram levados provisoriamente para o Ginásio Ivo Silveira, onde permaneceram por 10 dias.
Segundo a Prefeitura de Chapecó, o prazo para os índios deixarem o espaço venceu na quarta-feira (26).
“As condições dos indígenas no local, mesmo com alimentação, colchões e cobertores é insalubre e eles tem lugar para voltar, então essa é a determinação. Durante os 10 dias que eles estiveram no ginásio, receberam da Prefeitura tudo que estava ao alcance para atender as pessoas”, destacou a Prefeitura, em nota.
Prefeitura de Mafra expressou preocupação
Em nota, a Prefeitura de Mafra informou que está acompanhando a situação e trabalhando junto as demais autoridades para solucionar o caso.
“Na sexta-feira (28), o prefeito Emerson Maas participou de articulações com a Prefeitura de Chapecó, comando das polícias Federal e Militar, FUNAI Centro Sul e FUNAI Curitiba, em busca de um desfecho adequado para as famílias, haja vista que há crianças e idosos no grupo. Porém não houve evolução para uma solução adequada. Ainda na sexta-feira, nossa procuradoria comunicou o Ministério Público Federal sobre os fatos, o qual expediu pronunciamentos aos envolvidos, mas deixou claro a liberdade de escolha dos índios nas suas decisões”, destacou o texto.
Ainda, segundo a nota, o acampamento ao lado do terminal rodoviário não suporta expansão. “Apesar de todas as alternativas oferecidas ao cacique e que claramente era uma decisão inadequada, chegaram na cidade na manhã desse domingo. Além de não ser uma área de destinação para acampamento indígena, não suportam a quantidade nem possui qualquer estrutura de expansão para abrigar crianças e idosos que integram as famílias”.
De acordo com a Prefeitura de Mafra, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), tanto do Setor Centro Sul quanto do Setor Curitiba, acompanharam de perto e insistentemente foram contrários a ação, mas não tiveram sucesso. “Por diversas vezes agiram para mudar a situação, inclusive oficialmente, dando opções de áreas já homologadas para aldeias indígenas na região de Chapecó e Blumenau, onde as condições seriam muito melhores do que a suposta área em Mafra, mas mesmo assim não houve êxito”, explicou o texto.
Por fim, a Prefeitura informou que tomará todas as medidas necessárias para que as famílias sejam alocadas em uma área adequada, colaborando com os demais órgãos da esfera Federal.