BC mira mudanças no Pix para coibir golpes e uso de conta laranja

Infratores pulverizam dinheiro das vítimas rapidamente em diferentes contas, dificultando o bloqueio e a recuperação dos recursos.

Foto: Divulgação

 

 

Diante do aumento de fraudes e golpes com o Pix, o Banco Central (BC) pretende endurecer as regras de rastreio para coibir a utilização das chamadas “contas laranjas”, utilizadas por criminosos em nome de outras pessoas.

 

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a medida busca aumentar a segurança do sistema de pagamento instantâneo. “A gente está forçando, incentivando, a identificação desse tipo de contas e o cancelamento mais rapidamente”, disse.

 

Campos explicou que no caso de fraude ou até sequestro, os criminosos precisam de uma conta bancária sem os próprios dados pessoais para movimentar recursos. Daí a importância em identificar e fechar essas contas. “A gente precisa atacar esse movimento de conta laranja. Precisa que os bancos se sintam muito responsáveis quando alguma conta laranja no sistema deles é usada para algum ato ilícito”, acrescentou.

 

Sem essa possibilidade de receber o dinheiro, Campos acredita que os criminosos devem desistir de praticar esse tipo de ilegalidade pelo Pix. “No final das contas, se eu não tenho como pegar o dinheiro em espécie em nenhum momento eu tenho uma diminuição da criminalidade relacionada a isso”, destacou.

 

Restrição noturna

Outra medida que entrou em vigor no último dia 4, limita em R$ 1 mil as transferências e pagamentos de pessoas físicas entre as 20 e 6 horas. As contas de pessoas jurídicas não foram afetadas pela nova regra.

 

A restrição vale tanto para transações via Pix, sistema de pagamento instantâneo, quanto para outros meios de pagamento, como transferências intrabancárias, via Transferência Eletrônica Disponível (TED) e Documento de Ordem de Crédito (DOC), pagamentos de boletos e compras com cartões de débitos.

 

O cliente poderá alterar os limites das transações por meio dos canais de atendimento eletrônico das instituições financeiras. No entanto, os aumentos serão efetivados de 24 horas a 48 horas após o pedido.

 

Segurança do Pix

Campos defendeu a segurança do sistema instantâneo de pagamento, apesar do surgimento de novas modalidades de fraudes. “A criminalidade é um tema de segurança pública. A gente nunca vai reduzir a criminalidade a zero. Qualquer instrumento de pagamento que você tiver, quando a criminalidade for alta, vai ser em parte responsabilizado pela criminalidade, quando ele só é o veículo”, destacou.

 

Para o presidente do BC, a flexibilidade do sistema facilita o combate às fraudes e outros crimes. “A gente entende que o PIX é mais maleável porque a gente consegue mudar e adaptar coisas mais rapidamente”, enfatizou.