Conheça 8 mulheres que deixaram legados na história de Rio Negro

Desde professoras e educadoras até filantropas e políticas, essas mulheres fizeram a diferença e marcaram para sempre a história do município.

Fotos: Divulgação

 

 

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Riomafra Mix relembra 8 mulheres que fizeram a diferença e marcaram para sempre a história de Rio Negro.

 

Desde professoras e educadoras até filantropas e políticas, essas mulheres deixaram um legado valioso para a cidade e para a sociedade como um todo. Em uma época em que as mulheres enfrentavam inúmeras barreiras, elas lutaram pelos seus direitos e contribuíram com suas ações para tornar Rio Negro um lugar melhor para se viver.

 

Conheça agora algumas dessas histórias inspiradoras e descubra a importância dessas mulheres para a história do município:

 

 

Ana Zornig

Ana Zornig nasceu em 16 de outubro de 1889 e dedicou cerca de 30 anos de sua vida como presidente contínua da maternidade de Rio Negro. Ela defendia a infância e lutava pelos direitos de crianças e adolescentes, principalmente as mais carentes.

 

Seu exemplo de luta incondicional e sem tréguas em defesa dos direitos da criança e do adolescente contagiou muitas outras pessoas, no íntimo da sociedade riomafrense. Em 1963 aconteceu a primeira reunião para concretizar a instalação da ‘Casa Ana Zornig’ – que levaria não apenas o nome da precursora, como também os objetivos que ela defendeu durante toda a vida.

 

Ana faleceu em 29 de julho de 1962, mas sua memória foi mantida viva pela escola municipal, localizada no bairro Estação Nova, que leva seu nome.

 

 

Albany Bussmann

Albany Bussmann atuou em várias áreas da sociedade rionegrense, entre elas na construção da sede do Clube Rionegrense, onde por mais de vinte anos presidiu o tradicional Grêmio Botão de Rosa, filiado ao clube.

 

Também fundou e apresentou o primeiro Baile das Debutantes, além de desfiles dos mais variados para jovens e crianças. Os Bailes das Debutantes e das Nações levaram o nome de Rio Negro aos jornais do Paraná e Santa Catarina.

 

Era participante dos movimentos políticos da cidade, ocupando diversos cargos em diretórios partidários, elegendo-se vereadora por duas legislaturas. No período de 1972 a 1976 foi vice-prefeita do município, a primeira mulher no Brasil a ocupar tão importante cargo.

 

Trabalhou como funcionária da prefeitura de Rio Negro por mais de 30 anos, exercendo os cargos de mecanógrafa, tesoureira, auxiliar de contabilidade e relações públicas. Albany faleceu em 27 de maio de 1995.

 

 

Carmen Moraes Stange

Carmen Moraes Stange nasceu em 15 de outubro de 1931 em Curitiba. Filha de Francisco Augusto de Moraes e Ernestina Lacerda de Moraes, foi casada com Alberto Basso Stange e teve como filha Simone Moraes Stange. Foi uma mulher sábia, vigorosa e dedicada.

 

Graduou-se em Educação Física, Língua Inglesa e Espanhol e iniciou suas atividades profissionais em Jaguariaíva (PR). Em Rio Negro, lecionou no Colégio Barão de Antonina e no Colégio São José. Também foi professora e coordenadora pedagógica no Colégio Presidente Caetano Munhoz da Rocha.

 

Carmen atuou ainda como professora no Colégio Mafrense e no curso Superior de Letras – Espanhol da Universidade do Contestado.

 

Carmen recebeu diversas homenagens ao longo de sua vida, incluindo honras ao mérito, diplomas e moções póstumas. Ela faleceu em 8 de outubro de 2018, deixando um legado especial à comunidade de Rio Negro.

 

 

Maria José França Foohs

Maria José França Foohs nasceu em Ponta Grossa, mas foi em Rio Negro que fez seus estudos, trabalhou, casou e constituiu família. Durante 45 anos atuou na área da Educação de Rio Negro e Mafra e era considerada uma excelente profissional. Maria lecionou no curso de Pedagogia na Universidade do Contestado e foi diretora técnica do 1º grau no Colégio Mafrense.

 

Em 1999, recebeu o título de Mulher Destaque pelo Clube Soroptimista Internacional de Rio Negro. Além de grande profissional, se destacou pelas suas atividades sociais, pelo seu exemplo de solidariedade humana e seu espírito altruísta.

 

Maria recebeu do Rotary Internacional de Rio Negro o troféu Prof. Orlando Carlos Kuenzer pelos relevantes serviços prestados à educação riomafrense. Em 1991, a Câmara e o Executivo rionegrense também a homenagearam com a Comenda da Ordem do Brasão em reconhecimento pelo seu trabalho em prol da Comunidade.

 

Durante mais de 36 anos participou da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Rio Negro e Mafra, sendo uma das fundadoras. Também foi uma das fundadoras do Clube Soroptimista e presidente no biênio 1996-1998.

 

 

Margarida Kirchner

Margarida Kirchner nasceu em 8 de agosto de 1896. Em 1913, se formou na Escola Normal de Curitiba e em 1914, começou a lecionar na Escola da Vila Nova, então município de Rio Negro e que hoje pertence a Mafra.

 

Em 1916, foi transferida para o Grupo Escolar Barão de Antonina. Durante dois anos e meio, fez diariamente o trajeto de 6 km, indo de carrocinha, levando sempre algumas crianças no caminho até a escola.

 

Em 1926, com a criação da Escola Complementar (para formação de professores), Margarida foi nomeada para reger uma das classes; e em 1927, foi designada para assumir a direção do estabelecimento.

 

Em 20 de março de 1945, voltou a ser professora da Escola Complementar, se aposentando em 1949.

 

Como homenagem aos seus feitos, em 1949, a escola que havia sido recém instalada no Bom Retiro recebeu seu nome. Também recebeu seu nome a Escola Normal Colegial Estadual, criada em 1958 e que posteriormente foi fundida ao Colégio Estadual Barão de Antonina. Margarida Kirchner faleceu em 8 de fevereiro de 1958.

 

 

Maria da Glória Foohs

Nascida em 22 de dezembro de 1929, filha de Max Foohs e Erna Tyeck Foohs, Maria da Glória Foohs estudou no grupo escolar Barão de Antonina de Rio Negro. Desde criança, era devota do Sagrado Coração de Jesus, entrando ainda jovem para a congregação.

 

Foi aprovada em 1º lugar no concurso do INPS e cursou a escola técnica de Contabilidade e Comércio no Barão de Antonina de Mafra – era a única mulher da turma e formou-se em dezembro de 1955.

 

Maria da Glória fez uma grande contribuição para a preservação da história de Rio Negro. Suas pesquisas iniciaram com a idealização de sua árvore genealógica, que mostrava aspectos peculiares quanto à mistura da origem de seus ancestrais. Curiosa, começou a buscar histórias e registros fotográficos que se somam à história da colonização e crescimento de Rio Negro. Tornou-se uma das rionegrenses que mais tinha em sua casa históricos, fotos e documentos referentes ao município.

 

Sua casa sempre estava de portas abertas a pessoas que quisessem ouvir suas histórias ou fazer pesquisas em seu imenso acervo. Era sócia correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e do Instituto Histórico e Geográfico da cidade de Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul. Também foi integrante do Centro Paranaense Feminino de Cultura e sócia fundadora da Sociedade Cultural, Histórica e Científica de Rio Negro.

 

Faleceu em 25 de setembro de 2016, aos 87 anos. Por sua grande contribuição, hoje o Arquivo Público Municipal leva o seu nome.

 

 

Lenir Rodrigues

Lenir Rodrigues foi professora de educação física formada pela Universidade Federal do Paraná. Muito cedo, ingressou no magistério estadual, lecionando para o primário no Colégio Caetano Munhoz da Rocha, onde posteriormente foi diretora. Trabalhou ainda no Grupo escolar Barão de Antonina, na Escola Normal Regional Padre Manoel da Nobrega, no Colégio São José, no Colégio Mafrense, na Escola Normal Margarida Kiechner e na Fundação Municipal de Esportes.

 

Teve atuação destacada como técnica de voleibol nas escolas por onde passou, na Sociedade Ginástica de Rio Negro, na Comissão Municipal de Esportes de Mafra e na Fundação Municipal de Esportes de Rio Negro.

 

Colecionou títulos e vitórias em 42 anos de atividade, tanto no âmbito municipal quanto no estadual.

 

Lenir sempre esteve envolvida com trabalhos voluntários, com destaque para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, Hospital Bom Jesus, Maternidade de Rio Negro, Casa do Menor Ana Zornig, entre outros.

 

Ela faleceu em 19 de março de 2005. Hoje, Lenir dá nome ao Centro Municipal de Educação Infantil, localizado no bairro Bom Jesus.

 

 

Aracy Guimarães Rosa

Mulher rionegrense, filha de pai português e mãe alemã, Aracy Moebius de Carvalho nasceu em 20 de abril de 1908. Em 1934, mudou-se para a Alemanha e foi morar com a tia e o filho, de apenas 5 anos. Culta, fluente em inglês, alemão e francês, conquistou um cargo no consulado brasileiro em Hamburgo onde, entre outras atribuições, era responsável pela seção de vistos. Foi aí que sua história cruzou com a de João Guimarães Rosa.

 

Eram tempos perigosos para se viver na Alemanha. A ascensão nazista havia causado grande convulsão em toda a Europa. Desde 1936, os judeus alemães, até então integrados à sociedade, vinham sofrendo pressão para deixar o país. Em 1937, no Brasil, Getúlio Vargas decretou o Estado Novo, inspirado em regimes totalitários como o de Adolf Hitler e Mussolini. Do Itamaraty eram desferidas “circulares secretas” para embaixadas e consulados, cuja ordem era dificultar a entrada de judeus no Brasil.

 

Aracy se rebelou e forjava atestados de residência para que judeus de qualquer parte da Alemanha pudessem pedir vistos em Hamburgo, facilitando sua entrada no país. Com este esquema acredita-se que dezenas, talvez centenas de judeus tenham sido salvos dos campos de extermínio e por este motivo, Aracy ficou conhecida como “O Anjo de Hamburgo”.

 

Pelo seu trabalho em Hamburgo, em 1983, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa foi incluída entre os quase 22 mil nomes que estão no Jardim dos Justos, no Museu do Holocausto em Jerusalém. Trata-se de uma homenagem e um reconhecimento que o Estado de Israel presta aqueles que ajudaram judeus a escapar do genocídio.

 

Em sua homenagem, Rio Negro dedica o nome de Aracy à Biblioteca Cidadã e ao Jardim no Parque Ecoturístico São Luís de Tolosa.