De pedreiro a piloto: o trabalhador riomafrense que superou as estatísticas

De pedreiro a piloto comercial de helicóptero, Luciano Piaz contou à redação do Riomafra Mix como conseguiu superar desafios, vencer as dificuldades impostas pela origem humilde, e conquistar a carreira profissional que sonhava.

Num país em que muitos acabam seguindo uma carreira totalmente diversa do sonhado, fazer do sonho uma realidade requer muita determinação, foco e, sobretudo, coragem. A editora Saraiva publicou em 2018, a obra de Fredy Saraiva intitulada “É possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional” que traz um dado preocupante: 40% dos trabalhadores brasileiros se sente infeliz no trabalho e 64% gostaria de mudar de profissão. 

O rionegrense Luciano Piaz representa muito bem o trabalhador brasileiro que não desiste do sonho de realização profissional. De pedreiro a piloto comercial de helicóptero, ele contou à redação do Riomafra Mix como conseguiu superar desafios, vencer as dificuldades impostas pela origem humilde, e conquistar a carreira profissional que sonhava.

“Em 2010 quando estava trabalhando em uma obra como pedreiro vi um helicóptero pousar próximo, o que me deixou deslumbrado. A partir de então comecei pesquisar quais requisitos precisaria para me tornar um piloto”, conta. Quando decidiu que queria trabalhar na aviação, Luciano tinha concluído somente a 5ª série do ensino básico. Como a profissão exige segundo grau completo, ele resolveu encarar o primeiro desafio e retomar os estudos.

O apoio da família foi fundamental para que ele conseguisse arrecadar os valores necessários para a primeira fase da capacitação, que veio só 2 anos depois. “Desde o primeiro momento quando vi aquele helicóptero, eu e minha esposa começamos a guardar dinheiro, trabalhava muitas horas a mais todos os dias pois sabia que sem esse esforço nunca conseguiria guardar o valor necessário” recorda. Luciano se inscreveu para o curso teórico em uma escola que realizava as aulas aos sábados e domingos, assim conseguia continuar trabalhando para pagar os estudos.

Outra grande dificuldade que o futuro aviador teve de superar aconteceu quando as aulas práticas começaram. Ele continuou trabalhando em obras para conseguir custear as horas de voo necessárias para a profissionalização e prestou serviços até mesmo para a escola onde viu seu sonho se tornar realidade. 

Hoje com mais de 500 horas de vôo e piloto de táxi aéreo, ele conta que dentre os trabalhos mais gratificantes que realiza estão aqueles em que acontece o transporte de órgãos para transplante. “Além de fazer o que gosto, sinto que neste momento estou fazendo a diferença, ajudando outras pessoas”, celebra.

Ao recordar os últimos dez anos em que mudou completamente o rumo de sua vida, Luciano pensa também na filha Ariane, de seis anos, que hoje pode reconhecer nos próprios pais um exemplo e inspiração. “Hoje ela pode estudar em uma boa escola, pode ser incentivada a se desenvolver. Quando éramos crianças era tudo mais difícil”, pondera. O piloto, que já dividiu sua história com crianças da rede municipal de Rio Negro durante uma visita à empresa de taxi aéreo em que trabalha, compartilha a visão de mundo que o levou à felicidade no trabalho. “Nada é impossível, basta trabalhar e focar nos objetivos. Pode demorar, mas a recompensa vem”, finaliza.